A produção de suco de laranja do Brasil, com processamento praticamente encerrado na temporada 2018/19 (julho/junho), deverá recuar para cerca de 874 mil toneladas (FCOJ equivalente), queda de 27,5 por cento ante o período anterior, com o setor sentindo os efeitos de uma safra menor, afirmou nesta terça-feira a associação de exportadores CitrusBR.
Se a produção despencou, a demanda também não foi das melhores, de acordo com os dados da CitrusBR, que apontou estoques finais em 30 de junho em aproximadamente 200 mil toneladas (FCOJ, do inglês, suco de laranja congelado e concentrado), mais de 50 mil toneladas acima do projetado na estimativa anterior.
Ainda que seja uma estimativa maior do que a anterior, o nível de estoques previsto é historicamente baixo, disse a CitrusBR, associação no país que é o maior exportador global de suco de laranja e reúne empresas como Citrosuco, Cutrale e Louis Dreyfus. Na comparação com as reservas de passagem em 2018, a queda é de 41,7 por cento.
Isso após uma safra na região citrícola de São Paulo e Triângulo/Sudoeste Mineiro que caiu quase 30 por cento ante a temporada passada, para 284,88 milhões de caixas de 40,8 kg, segundo estimativa do Fundo de Defesa da Citricultura (Fundecitrus), divulgada mais cedo este mês.
“A principal razão é a bianualidade da safra. A safra 2017/18 foi bem próspera...”, disse o diretor-executivo da CitrusBR, Ibiapaba Netto, explicando que, após produzir muito na safra anterior, naturalmente os laranjais tiveram uma produtividade menor em 2018/19, seguindo o ciclo bianual da cultura que alterna altas e baixas.
Para a próxima safra (2019/20), “a expectativa é que tenhamos uma safra maior do que a de 2018/19, obedecendo mais uma vez a bianualidade”, disse Netto. “Mas quão maior será, teremos de esperar a estimativa do Fundecitrus em maio.”
MENOR DEMANDA
O Brasil, que exporta 95 por cento de sua produção de suco de laranja, está vivenciando alguma fraqueza no mercado externo.
Os embarques brasileiros de suco de laranja caíram 12 por cento nos seis primeiros meses da safra 2018/19, iniciada em julho, para 516,9 mil toneladas, segundo dados da CitrusBR.
Questionado sobre um estoque final acima do projetado anteriormente, mesmo diante de uma queda acentuada na produção, o diretor-executivo da CitrusBR citou que alguns países concorrentes, como o México, estão aumentando sua participação nos mercados europeu e norte-americano, os principais clientes dos brasileiros.
“Como possíveis fatores podemos ter diminuição na demanda, que pode estar associada à queda na própria demanda ou mesmo no aumento da participação de outros players, como o México...”, disse ele, lembrando que tais concorrentes estão avançando em mercados brasileiros principalmente devido a acordos bilaterais, que tornam o produto mais competitivo.
Fonte: Reuters