Depois das sacolas plásticas de supermercados, o Ministério Público do Paraná e a Secretaria do Meio Ambiente do Estado estão de olho nas garrafas long neck, que podem até ser proibidas. Os vasilhames, assim como as sacolinhas, podem ser considerados "refugo industrial" ou seja, lixo, uma vez que não são reutilizadas, como acontece com os cascos de 600 ml.
Por isso, em julho, distribuidoras de cervejas e fabricantes das embalagens de vidro ganharam prazo de 30 dias para apresentar a quantidade que produzem, taxa de reciclagem e formas de evitar que o lixo chegue aos aterros sanitários. Propostas chegaram a ser apresentadas, mas separadas e diferentes.
O secretário do Meio Ambiente, Rasca Rodrigues, diz que considera positivo o fato de as empresas terem apresentado propostas, mesmo que separadas, e espera avanços no assunto. Ele conta que, no caso das sacolas plásticas, hoje 50% dos supermercados que atuam no Paraná usam alternativas como as oxibiodegradáveis ou as de pano.
Mas Laerty Dudas, coordenador de resíduos da Secretaria do Meio Ambiente, faz questão de uma proposta conjunta. "Se chegarmos à conclusão de que as cervejarias não terão plano para logística reversa, vamos proibir a embalagem", ameaça ele.
A proibição também é uma hipótese provável para o coordenador do Centro de Apoio Operacional às Promotorias de Meio Ambiente, Saint Clair Onorato Santos. Segundo ele, as empresas que não apresentarem propostas de recolhimento das long neck devem ser multadas. "Somos a favor da proibição de qualquer embalagem não sustentável."
As long neck, geralmente com capacidade para 300 ml de cerveja, representam 5% do volume total do mercado. As latas ficam com 26% e o restante são as garrafas retornáveis, de 600 ml. Para algumas cervejarias, entretanto, as long neck são mais representativas, como é o caso da Femsa, que tem fábrica em Ponta Grossa (PR). A empresa não divulgou qual é esse percentual, mas informou, em comunicado, que está disposta a realizar um trabalho conjunto com o Estado e "criar a solução ideal para a reciclagem da long neck".
A AmBev, uma das cervejarias que encaminhou à Secretaria e ao Ministério Público um plano de coleta dos resíduos, disse que está aguardando uma resposta dos órgãos. A companhia propõe que o Reciclagem Solidária, programa mantido pela companhia desde 2002, e em execução no Paraná desde 2007, seja intensificado. A idéia é envolver cooperativas de catadores na coleta das long neck para reciclagem. Segundo a empresa, entre setembro de 2007 e junho de 2008, 2 mil toneladas de resíduos foram coletadas por meio do projeto em todo país.
Em nota oficial, a Schincariol disse, se referindo à chance de a garrafa ser proibida, que "não se manifestará antes do anúncio efetivo da possível medida."
Veículo: Valor Econômico