Cervejarias reclamam de garrafa da AmBev

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Associação lança campanha contra garrafa que não pode ser aproveitada por todas as empresas

 

A megacervejaria AmBev, dona de 69% do mercado de cerveja no Brasil, volta a ser alvo de reclamações dos concorrentes. Se há pouco mais de um ano a queixa da Associação Brasileira de Bebidas (Abrabe), que representa os interesses das cervejarias Schincariol e Petrópolis, provocou um pedido de investigação à Secretaria de Direito Econômico (SDE) sobre o uso de garrafas personalizadas de 630 ml - que tiveram a utilização restrita aos mercados do Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul -, agora a entidade se posiciona contra a garrafa de um litro da marca Skol, que a AmBev lançou há menos de um ano em todo o País.

 

A Abrabe ainda não sabe quando e se vai formalizar novo pedido de investigação à SDE. No momento, encampou uma campanha publicitária em defesa do parque retornável de garrafas. Fez isso por meio de um anúncio no qual convoca os fabricantes a adotar a garrafa de um litro sem identificação. Argumenta na peça publicitária que "a garrafa livre faz com que nenhum bebedor de cerveja seja refém de uma marca". "Afinal, uma coisa é ser fiel a uma marca, outra é ser prisioneiro." Para a diretora do Núcleo das Empresas Cervejeiras da Abrabe, Alexsandra Machado, "a garrafa livre é a continuidade da defesa da livre concorrência e, necessariamente, da liberdade de escolha do consumidor."

 

O parque retornável de garrafas partilhadas entre os fabricantes de bebidas, como explica o superintendente da Associação Brasileira das Indústrias de Vidro (Abividro), Lucien Belmonte, sempre foi barreira de entrada ao dificultar o acesso de novos fabricantes ao mercado. É adotado em vários países. "A AmBev conhece o sistema, porque, quando chegou ao Peru, enfrentou essa dificuldade, uma vez que a maior cervejaria de lá tinha garrafa exclusiva." A vantagem do vasilhame reutilizável é girar no mercado pelo menos 20 vezes, antes de ser destruído.

 

A movimentação da Abrabe pegou a AmBev de surpresa. Executivos do grupo não gostaram da ação da entidade e se dizem, por sua assessoria de comunicação, injustiçados, uma vez que as garrafas de um litro, com a marca AmBev gravada em relevo no vidro, seriam apenas 2,8% dos vasilhames vendidos pela empresa. E dizem que o chamado "litrão" caiu no gosto popular justamente porque gera economia para o consumidor: enquanto a garrafa de 600 ml custa R$ 2,60, o litrão sai por R$ 3. "É mais por menos."

 

A companhia vive um momento tenso desde que foi multada, há duas semanas, pelo Conselho Administrativo de Defesa do Consumidor (Cade). Terá de pagar multa recorde de R$ 352,6 milhões, por práticas de concorrência desleal, em razão de um programa de fidelização de bares e restaurantes no qual desestimulava a presença das marcas dos concorrentes.

 

No caso da garrafa de um litro, tem a seu favor o fato de que outras marcas já operam nesse formato, caso dos rótulos Norteña, Stella Artois, Patricia e até mesmo da Imperial, vendida em Goiás, e a Baden Baden, da Schincariol. Porém, esses vasilhames não são retornáveis, com exceção da Imperial.

 

Veículo: O Estado de S.Paulo


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