Cinco frentes frias, recordes de frio e índice pluviométrico quatro vezes acima da média histórica de chuva. Esse foi o mês de julho no Sul, região Sudeste e também Mato Grosso do Sul e no Nordeste do país. O sétimo mês do ano - que tradicionalmente é o pior para o comércio de cervejas - desta vez foi ainda pior. Mas o varejo espera aumentar as vendas nesta semana, com o maior movimento esperado devido ao Dia dos Pais, no domingo. Em vários Estados, é comum comemorar a data com churrasco. E carne na brasa pede cerveja.
"Os supermercados venderam um volume 10% menor do que em relação ao mês de julho do ano passado, que foi mais seco. Em relação a junho, a queda foi de 15%", diz o vice-presidente da Associação Paulista de Supermercados (Apas), Martinho Paiva Moreira. A entidade representa cerca de 1.100 super e hipermercados no Estado.
Na rede de supermercados de bairro Econ, com 46 lojas em São Paulo, a retração foi ainda maior: 25% em relação a julho de 2008. "Quando chove e faz frio ninguém compra cerveja", explica o presidente da rede, Emílio Bueno.
Para compensar parte do que não foi vendido, os supermercados estão apostando na cerveja até como presente para o Dia dos Pais.
No Grupo Pão de Açúcar, a meta é vender de 15% a 20% mais que na semana do Dia dos Pais de 12 meses atrás. O "pulo do gato" são os kits com cervejas e taças montados pelas fabricantes especialmente para a ocasião. "No ano passado, duas ou três companhias faziam isso. Agora há umas 20 marcas com conjuntos que incluem até de cristal", afirma Fabio Rodrigues, gerente nacional de cervejas do Grupo Pão de Açúcar. O preço desses kits varia entre R$ 30 e R$ 40.
No atacadista Tenda a espectativa é de uma alta de 20% na procura pela bebida. Por isso, neste final de semana a empresa deve distribuir um jornal de ofertas combinadas com a AmBev para atrair tanto consumidores quanto transformadores.
No Carrefour, espera-se que a demanda por cerveja cresça 30% em comparação com a semana que antecedeu a data no ano passado. Como o propósito é fazer churrasco, a rede também deve vender cerca de 400 toneladas de cortes nobres de carne neste final de semana, de acordo com o diretor de açougue da companhia, Luiz Carlos Paschoal. O volume representa quase um terço a mais do que os supermercados da empresa vendem normalmente em todo país entre sexta-feira e domingo.
"Além de ter havido um aumento na renda da população, existe o costume de caprichar no churrasco para comemoração de uma data familiar", explica o executivo. Os cortes mais procurados nessa época, segundo ele, são a picanha, a maminha, a fraldinha, o contra-filé e a alcatra. "Linguiça também sai, mas para homenagear os pais os consumidores preferem carnes mais especiais."
Todo o esforço, entretanto, não será suficiente para recuperar a queda ocorrida em julho, segundo o consultor para o mercado de bebidas, Adalberto Viviani. "Até nos bares houve queda de consumo", afirma. "Não dá para compensar em uma semana o que se perdeu em um mês." A saída, tanto para o varejo quanto para as cervejarias, é torcer por temperaturas maiores e tempo mais seco. Esse é a previsão para o próximo domingo, de acordo com os maiores sites de meteorologia, para São Paulo, Rio de Janeiro e Curitiba. Porto Alegre, entretanto, deve ter um Dia dos Pais molhado.
Veículo: Valor Econômico