Almadén será marca de vinho popular da Miolo

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A vinícola Almadén, de Santana do Livramento (RS), está mudando de donos pela terceira vez desde sua fundação nos anos 70. Na noite do último domingo, a francesa Pernod-Ricard, segunda maior empresa de bebidas e destilados do mundo, fechou a venda da marca, seus 1200 hectares de vinhedos e de sua unidade de produção para a Miolo Wine Group, composto pelas empresas Miolo, Lovara e RAR. O valor do negócio não foi revelado. Mas, de acordo o diretor executivo Marcelo Toledo, a companhia assume agora a liderança no mercado nacional de vinhos entre as vinícolas brasileiras.
"A meta da Miolo Wine Group é duplicar a participação da Almadén no mercado brasileiro de vinhos nos próximos 10 anos", diz o executivo, que acaba de assumir a diretoria do grupo.

 

A Almadén, segundo fontes do mercado, era uma marca estagnada pelo menos desde 2001, quando a Pernod-Ricard comprou globalmente a canadense Seagram. No país desde 1966, a Seagram iniciou o projeto Almadén na década de 70. Na época, o governo brasileiro havia imposto restrições às importações, o que levou a companhia a investir em vinhedos e também na criação da marca, que chegou ao mercado em 1984.
"Tirando uma mudança de rótulo aqui ou ali, a Almadén não lançava novidades há uns oito anos", diz o diretor de compras de bebidas de uma grande cadeia de varejo nacional. "Ela tinha seu público consumidor, mas era o mesmo consumidor da década de 80 e de 90. Nada mudava", acrescenta.

 

Há anos, segundo executivos de outras vinícolas, a Pernod vinha tentando vender a Almadén. "O problema é que eles não queriam vender só a marca, mas os vinhedos e a fábrica também", diz um deles. A negociação com a Miolo, segundo outras fontes, vinha acontecendo, pelo menos, desde o início do ano.

 

Há cerca de quatro meses, a Miolo mudou o posicionamento de mercado de seu principal vinho, o Miolo Seleção. O produto, que estava na faixa que vai de R$ 11 a R$ 13, passou a custar entre R$ 17 e R$ 18. "Não foi só o preço que mudou, a bebida melhorou também", diz o executivo da rede varejista. "Creio que eles já estavam fazendo a mudança para encaixar o Almadén no portfólio da empresa e evitar confronto entre as duas marcas, já que os vinhos Almadén têm preço similar ao patamar que era antes do Miolo", afirma.

 

"Com a aquisição, a Miolo compra também participação no mercado, principalmente no Sul do país", afirma um concorrente. Segundo ele, a marca Miolo é forte no Sudeste. A Almadén, por sua vez, tinha mais representação no Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

 

Com a compra, a Miolo divulgou que chegará a uma produção anual de 12 milhões de litros e R$ 100 milhões em vendas. O grupo também irá investir R$ 12 milhões em marketing, mecanização e tecnologia.

 

O mercado nacional de vinhos movimentou em 2008 R$ 1,2 bilhão, segundo a Nielsen. Este ano, com um total de 63,3 milhões litros durante os sete primeiros meses do ano, houve alta de 6,6% no consumo e de 11% nas vendas. Na Miolo, segundo Toledo, a temporada de Natal, que começa este mês, representa 45% do volume de vendas.

 

O grupo Miolo, conforme dados da União Brasileira de Vitivinicultura, tem 25% das vendas entre os vinhos nacionais. A companhia faturou US$ 2,34 milhões no no passado. "Hoje, nossa distribuição é 80% no autosserviço e 20% nos bares e restaurantes. O ideal é subir esse último percentual para 40%", diz Toledo. Para isso, segundo ele, a empresa vai reestruturar seu sistema de distribuição, privilegiando os chamados "pontos de dose".
 


Veículo: Valor Econômico


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