A procura por lagosta no mercado de peixes do Mucuripe tem aumentado depois que o preço do crustáceo caiu. Restaurantes da Capital também diminuíram o valor dos pratos preparados com o produto
É só pechinchar que o quilo da lagosta inteira sai por até R$ 30 no mercado de peixes do Mucuripe. A queda no preço - o quilo custava mais do que o dobro no ano passado - tem levado muita gente a incrementar o cardápio com o crustáceo. Os pratos com lagosta em restaurantes da Capital também estão saindo mais em conta com a crise no setor. É que a dificuldade em exportar o produto aumenta a oferta no mercado interno. "Se a oferta fica grande, o preço diminui", explica o titular da Secretaria de Aqüicultura e Pesca do Ceará (Seap-Ce), Melquíades Ribeiro.
O artista plástico Luiz Pimenta é um dos que vão aproveitar o momento para consumir mais lagosta, um de seus pratos preferidos. "Vou comprar antes que aumente de novo", comenta. O comerciante Tiago Alves, que trabalha em uma das bancas do mercado de peixes, diz que as vendas aumentaram nas últimas semanas. "Está compensando comprar lagosta. É quase o mesmo preço do camarão", compara. O quilo do camarão chega a custar R$ 18.
O preço da lagosta varia de acordo com o tipo. A inteira - com a cabeça - é mais barata. Se for somente a cauda custa entre R$ 40 e R$ 50. O comerciante José Maria lembra que, no ano passado, chegou a vender o produto por R$ 80. "Diminuiu muito. Mas tem gente que não sabe disso e pensa que ainda é um produto muito caro", conta. Mesmo com o preço baixo, há quem resista. "Ainda acho caro. Não compensa. Prefiro pegar esse dinheiro e comprar peixe, que todo mundo lá em casa gosta", opina a aposentada Inês Cruz.
Em um restaurante da avenida Beira Mar, a lagosta na casca - que antes custava R$ 85,90 - agora sai por R$ 56,90. Segundo o gerente Renato Aparecido, muitos clientes estão pedindo o prato. "Estamos vendendo uma média de 15 pratos por dia. Antes, se a gente vendesse dois era muito", lembra. Ele diz que apostou na promoção depois da queda no preço do crustáceo. O restaurante vizinho ainda não diminuiu o valor da refeição com lagosta, mas estuda a possibilidade. "Esse é um prato especial consumido praticamente por turistas. Os cearenses ainda acham um prato caro. Mas acho que dá para diminuir um pouco o preço", avalia Alfredo Filho, proprietário do estabelecimento.
Mesmo com a venda em alta, o comerciante Floriano César está preocupado. Ele teme pelo futuro da lagosta porque a maioria dos barcos pesqueiros está parado, como O POVO mostrou na edição do último dia 14. "No começo da semana quase não dá para comprar lagosta dos pescadores. Muitos deles estão parados porque não compensa mais passar dias no mar, gastando com combustível e outras coisas", diz.(Tiago Braga)
E-Mais
Alguns comerciantes estavam vendendo a lagosta ainda viva. Eles dizem que a qualidade do produto melhorou porque o crustáceo comercializado no mercado interno agora é o mesmo que é exportado.
As dificuldades na exportação começaram depois que os Estados Unidos devolveram contêineres contendo lagosta de má qualidade.
Veículo: O Povo - CE