Não será simples a tarefa da Galeazzi frente ao Quatro Marcos. Fosse só um problema de gestão da empresa, as dificuldades seriam menores. Mas o setor de carne bovina vive hoje uma crise decorrente da escassez de animais para abate por conta de um ajuste produtivo, e todas as empresas frigoríficas estão sendo - mais ou menos - afetadas. Para agravar o quadro de margens espremidas, a crise financeira internacional também tira crédito do mercado de uma maneira geral, dificultando a situação dos frigoríficos.
Uma das primeiras vítimas foi o frigorífico Margen - com o qual o Quatro Marcos tentou uma frustrada joint venture, em junho deste ano, pensada para reduzir custos e promover ganhos de escalas. O frigorífico fechou 16 unidades e demitiu 3.500 pessoas. Outras vítimas - também afetadas por escassez de bovinos e ociosidade de fábricas - vão surgir, acreditam analistas do setor.
Nesse cenário adverso, vender ativos para gerar caixa - o que o Margen tenta fazer (ver matéria ao lado) e artifício ao qual o Quatro Marcos pode recorrer - também deve ser uma tarefa mais árdua. Além de existir um excesso de capacidade de abate de bovinos no país, agora, os frigoríficos se vêem diante de dificuldades para obtenção de crédito, consequência da crise financeira internacional.
É claro que num momento como este os preços dos ativos podem estar até vantajosos. Mas isso não basta diante das incertezas atuais na economia mundial. "Está todo mundo mais preocupado com as linhas de crédito do que com a compra de um novo frigorífico", afirma fonte de uma empresa de carne. (AAR)
Veículo: Valor Econômico