A venda da Macedo Agroindustrial, de São José, e da Avícola Itaiópolis (Avita) para a Tyson Foods não surpreendeu o mercado, mas chamou atenção o fato de a gigante mundial de carnes ingressar no Brasil com a aquisição de empresas de pequeno e médio porte. A outra compra da Tyson foi a Frangobras, do Paraná. Mas a chegada da empresa dos EUA vai acirrar ainda mais a concorrência na produção e comercialização de carne de frango, tanto no mercado interno quanto no exterior.
O presidente da área internacional da Tyson Foods, Rick Greubel, afirmou que a empresa chega numa fase de expansão do consumo da classe média, que está preferindo mais proteína de frango, cujo preço é mais acessível. Além disso, o Brasil será uma importante base de exportação da empresa.
Na entrevista para a imprensa catarinense, os três empresários que venderam as empresas - Macedo, mais o presidente da Avita, Edésio Brandalise, e o da Frangobras, Edmar Arruda - mostraram otimismo com os planos de expansão.
Isso significa, para SC, mais de 2,5 mil novos empregos diretos nas unidades de São Pedro de Alcântara e Itaiópolis nos próximos 18 meses. Como, para cada emprego direto são gerados de seis a oito postos indiretos, deverão ser abertos mais de 15 mil novas vagas no mesmo período.
Jóster Macedo à frente de multinacional
O empresário Jóster Macedo, de São José, vai presidir a multinacional americana Tyson Foods no Brasil. Até ontem presidente da Macedo, ele foi o escolhido após um rígido processo de seleção, nos últimos meses, no qual foram avaliados vários profissionais. Rick Greubel, presidente da área internacional da Tyson, disse, ontem, que a escolha de Jóster Macedo foi porque ele tem 17 anos de experiência na avicultura e há sete anos está à frente da Macedo Agroindustrial.
Com 34 anos, casado e pai de dois filhos, Jóster Macedo é formado em Administração de Empresas pela Esag/Udesc e tem mestrado em Administração na Universidade de Cornell, Nova York, EUA. Aos 27 anos, assumiu a superintendência da Macedo e, há um ano, estava na presidência. Seu desafio, agora, é liderar o crescimento da Tyson no Brasil.
Esperança ao Norte
Fundador da Avita, Edésio Brandalise observa que, com a chegada da Tyson mais as unidades da Aurora e Sadia, o Planalto Norte, que é uma das regiões de mais baixo IDH do Estado, passa a ter mais oportunidades com o desenvolvimento agroindustrial.
A região tentava atrair agroindústrias com sistema de integração há mais de 15 anos, o que ocorre, agora, em função do aquecimento do mercado mundial.
Hora de fusões
O presidente da Federação da Agricultura de SC (Faesc) e ex-presidente da Coopercentral Aurora José Zeferino Pedrozo avalia que a chegada da Tyson Foods ao Brasil mostra que está na hora de companhias brasileiras buscarem mais fusões e aquisições. Isto porque os conglomerados agroindustriais globais estão se agigantando e o Brasil não vai ficar imune.
Para Pedrozo, as empresas privadas do país deveriam se unir para formar grupos maiores ou buscar fusões com empresas no exterior. E as cooperativas devem fazer o mesmo. A formação de conglomerados cooperativos criaria mais condições aos pequenos produtores rurais. Segundo ele, a união da Sadia e da Perdigão, teria sido uma decisão correta.
Veículo: Diário Catarinense - SC