Gigante americana anuncia aquisição de três empresas e planos de se tornar uma das cinco maiores em aves
O grupo americano Tyson Foods, maior processador de carnes do mundo, anunciou ontem a entrada no mercado brasileiro de carne de frango com a aquisição de três empresas na Região Sul. O grupo comprou a Macedo Agroindustrial, no município São José, em Santa Catarina; a Avícola Itaiópolis (Avita), em Itaiópolis, também em Santa Catarina; e a Frangobras, de Campo Mourão, no Paraná. No total, a Tyson deve desembolsar US$ 200 milhões na operação, incluindo os investimentos para elevação da produção nos próximos 18 meses.
De acordo com o presidente da Área Internacional da Tyson Foods, Rick Greubel, os acordos prevêem a compra de 100% da Macedo e da Avita e uma participação de 70% na Frangobras. Segundo o executivo, o investimento se justifica pelo fato de o País ser o terceiro maior produtor de aves do mundo, atrás dos EUA e China. "A estratégia da empresa é unir forças com empresas brasileiras em diferentes Estados, com grande perspectiva de crescimento e expansão das operações", disse.
A Tyson informou que manterá as marcas, os executivos e os funcionários das três empresas. Mas também deverá vender produtos com a marca Tyson no Brasil.
Sob controle da Tyson, a Macedo vai operar em dois turnos e abater 176 mil aves por dia. Já a Avita e a Frangobras receberão investimentos para ampliar a produção e chegar a um abate de 320 mil aves/dia cada uma. A meta da Tyson é se tornar em curto prazo uma das cinco principais empresas avícolas do Brasil.
De acordo com Greubel, o Brasil é considerado um mercado prioritário para a companhia, já que a população consome, em média, 37 kg de frango por habitante/ano. "Com a estabilidade econômica e o crescimento da classe média, acreditamos no aumento do consumo per capita", disse.
O Brasil também será a porta de entrada na Europa para a Tyson Foods. Hoje, os americanos enfrentam restrições para exportar para a Europa por causa de divergências em relação aos métodos de produção.
"A Tyson vende em mais de 80 países e um grande mercado que não está disponível para a gente é a Europa. Agora vamos ter acesso a todos os países do mercado europeu", afirmou.
"O Brasil tem uma posição privilegiada por ter habilidade de produzir com custos competitivos e de exportar para praticamente todos os países do mundo. Chegamos para ficar."
O presidente da Avita, Edésio Brandalise, diz que foi procurado há seis meses pela Tyson. "A nossa região era interessante para eles, pela proximidade com os portos e o status sanitário do Estado", disse.
Para o consultor José Vicente Ferraz, diretor-técnico da AgraFNP, a entrada da Tyson no mercado doméstico vai ampliar a concorrência no setor de aves. Segundo Ferraz, a meta de se aproximar de um abate de 800 mil frangos/dia nos próximos 18 meses é um desempenho razoável para uma empresa do porte da Tyson.
Se chegar aos 800 mil abates por dia, o Brasil representará quase 15% da produção global da empresa. As 87 granjas e 51 unidades de processamento de carne de frango da Tyson espalhadas pelo mundo movimentaram US$ 8,3 bilhões em 2007.
Essa não é a primeira vez que a Tyson tenta entrar no mercado brasileiro. A empresa chegou a comunicar ao mercado que havia assinado uma carta de intenções para adquirir o Frigorífico Pena Branca, mas o negócio não foi concluído. No início do ano, a Tyson, que faturou US$ 27 bilhões em 2007, já negociou com a DaGranja e com a Globoaves, sem obter sucesso.
PLANO DE METAS
Aquisições: Com a compra do controle da Macedo Agroindustrial, da Frangobras e da Avita, a Tyson Foods finalmente consegue entrar no mercado brasileiro, depois de algumas tentativas frustradas
Investimento: Os negócios foram fechados por cerca de US$ 200 milhões, que incluem a compra do controle e os recursos necessários para a ampliação da produção em cerca de 300% em 18 meses
Crescimento: A meta da Tyson é estar, no curto prazo, entre as cinco maiores empresas avícolas do País, mercado dominado por Sadia e Perdigão
Exportação: Com a operação brasileira, a Tyson pretende também exportar para países que hoje têm barreiras ao frango dos EUA
Veículo: O Estado de S.Paulo