Ceia de Natal deve ficar 30% mais cara com alta dos preços dos grãos

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As aves especiais e perus, estrelas dos pratos principais das ceias de Natal e Ano Novo, estarão pelo menos 30% mais caras neste final de ano. O pernil suíno será menos ofertado e terá reajuste de até 75%. O quilo do pernil da Sadia, que no final do ano passado custava R$ 4,00 a R$ 5,00, estará nas gôndolas a, no mínimo, R$ 7,00 no início do mês de dezembro, quando os produtos chegarão aos pontos de vendas. "Uma peça não sairá por menos de R$ 60,00", diz o vice-presidente de Mercado Interno da Sadia, Sérgio Fonseca. Segundo ele, as aves terão reajuste de dois dígitos. "Estabelecer este percentual é um grande desafio e estamos avaliando qual será", afirma Fonseca.

 

Apesar do reajuste, a Sadia espera vender 10% a mais de aves. A quantidade de suínos será menor do que nos últimos dois Natais, quando as exportações caíram com a ocorrência da febre aftosa no Brasil e o excedente da produção foi direcionado para o mercado interno. "Neste ano, a Rússia e a Ucrânia voltaram a comprar e pagam melhor pelo suíno. Além disso, tivemos um aumento de demanda de suínos pelos produtos industrializados", afirma Fonseca. No mix de vendas da Sadia para o final do ano, 55% são aves da marca Fiesta, 25% de perus e 20% de suínos. A empresa detém 80% do mercado brasileiro de perus. O alojamento de animais para as vendas de final de ano foi 10% superior em relação a 2007.

 

Na Cooperativa Central do Oeste Catarinense (Coopercentral Aurora), os aumentos médios nas carnes para as festas serão de 30%. "Nosso custo subiu 40% a 50%", diz o vice-presidente Comercial da Aurora, Luiz Temp. Segundo ele, os frigoríficos tentam repassar os aumentos do milho e do farelo de soja, principais componentes das rações. Na praça de Chapecó (SC), que abrange um dos principais pólos de frigoríficos do País, o preço da saca de 60 quilos da soja aumentou 24,7%, para R$ 42,35 um ano, de acordo com o Centro de Socioeconomia e Planejamento Agrícola de Santa Catarina (Epagri/Cepa). Já a saca de milho aumentou de 2,7% em um ano, para R$ 21,35.

 

A cotação do milho na Bolsa de Chicago, no entanto, mostra um impulso bem maior. A tonelada do grão, que em agosto de 2007 era cotada em US$ 130,27, saltou para US$ 211,50, acréscimo de 62,35%. A soja na Bolsa de Chicago apresentou aumento de 52%, de US$ 309,00 a tonelada em agosto do ano passado aumentou para US$ 470,10 em agosto de 2008. No caso das carnes, a variação também foi bem salgada. O quilo do suíno no sistema de integração na praça de Chapecó aumentou 50,5% no período (set/07-set/08) e a alta no frango foi de 27%.

 

Outra explicação das empresas para a alta acentuada das carnes está nas boas receitas obtidas com as exportações. De acordo com a Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (Abipecs), as exportações de carne suína totalizaram 374,87 mil toneladas entre janeiro a agosto deste ano, uma variação de 4,23% em volume em relação ao mesmo período do ano passado. O valor, no entanto, aumentou de US$ 759,75 milhões nos oito primeiros meses de 2007, para US$ 1,02 bilhão em igual período deste ano, uma elevação de 35%. O mesmo acontece com as exportações de carne de frango. Entre janeiro e julho totalizaram 2,2 milhões de toneladas, aumento de 19% na comparação com 2007. Já a receita, segundo a Abef somou US$ 4 bilhões, aumento de 57% sobre o mesmo período do ano passado.

 

Mesmo com a alta nos preços das carnes, a Aurora também espera incremento de vendas de 8% a 10%. "O aquecimento das vendas também é gerado pela queda na taxa de desemprego e crescimento da renda", diz o diretor Comercial da Aurora, Leomar Somensi. Segundo Luiz Temp, da Aurora, pesquisas revelam que, independente das dificuldades econômicas e financeiras, o brasileiro opta pela fartura da mesa no final de ano.

 

Veículo: Gazeta Mercantil


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