Pará lança campanha para consumo consciente de carne bovina

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O Ministério Público Federal (MPF) no Pará lançou nesta semana a campanha Carne Legal. A ideia é levar o consumidor a refletir sobre a procedência do produto e não apenas sobre preços e qualidade. Quer também chamar a atenção para o fato de que cerca de 70% das áreas desmatadas ilegalmente na Amazônia abrigam atividades de pecuária. Inclusive com prática de trabalho escravo e empresas envolvidas com lavagem de dinheiro.

 

Com a campanha, o MPF mostra que a destruição de novas áreas de mata para transformá-las em pasto é mais barato do que investir em aumento de produtividade das áreas já desmatadas. Recorrendo a dados da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o custo para se ter um hectare de pasto é de R$ 800, enquanto para aumentar a produtividade de área semelhante gasta-se R$ 1.200.

 

"Pegue a picanha das fazendas ilegais da Amazônia", recomenda o vídeo da campanha. "Espete. Depois salgue. Agora o fogo. Queime milhares de hectares de floresta virgem. Deixe a fauna e flora assando lentamente até destruir tudo e ficar só erosão. Pronto. Pode servir. E não corte no sentido das fibras. Churrasco de desmatamento. É isso que você come quando compra carne de origem incerta. Saiba a origem da carne que você consome".

 

O Ministério Público Federal e outros órgãos de fiscalização estão trabalhando para reverter o desmatamento na Amazônia com uma série de medidas para fiscalizar e punir fazendas e frigoríficos que não obedecem à legislação ambiental, fundiária, social e trabalhista. Em 2009, foram ajuizadas ações e pedidas indenizações de R$ 2 bilhões contra empresas e pessoas que desmataram 157 mil hectares no Pará - estado campeão de desmatamento na região amazônica nos últimos quatro anos.

 

Em consequência, supermercados foram notificados de que, se continuassem comprando gado sem comprovar a origem, também seriam responsabilizados pelos danos ambientais. Em 2010, a atuação do MPF nesse sentido prossegue no Pará e em outros estados onde há criação de gado no bioma amazônico, o que ocorre também em Rondônia e Mato Grosso. Nesses estados, o MPF tem firmado acordo com os frigoríficos de só comprarem animais procedentes de propriedades em que é respeitada a legislação ambiental, as áreas indígenas, quilombolas e de proteção permanente e há condições dignas de trabalho.

 


Veículo: Valor Econômico


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