Abate de matrizes eleva preço de suínos no mercado interno

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A suinocultura brasileira pode, no médio prazo, sentir o reflexo do excesso de abate de matrizes, com consequente escassez de oferta, como ocorre atualmente na pecuária nacional. Tanto que a indústria de carne suína já opera em um cenário ajustado entre oferta e demanda e as cotações seguem tendências altistas. O mercado estima ainda aumento no custo de produção, com a previsão de avanço nas exportações de milho do Brasil. "Nos próximos meses a alta nos preços do suíno deve continuar", afirma Losivanio Luiz de Lorenzi, presidente da Associação Catarinense de Criadores de Suínos (ACCS).

 

Para Lorenzi, a recente liberação para importação de seis variedades de milho transgênico por parte da União Europeia (UE) e o anúncio do governo federal de que o País deve embarcar 12 milhões de toneladas do grão pode comprometer o abastecimento e os preços do insumo no mercado interno. "A preocupação é que falte milho aqui e os preços subam."

 

Segundo o presidente da ACCS, o setor está em processo de recuperação e o criador terá cautela para retomar a produção. "De 2005 para cá, mais da metade do tempo foi de crise para a suinocultura", diz, lembrando que ao longo deste período, as propriedades foram sucateadas. "O produtor vai primeiro colocar a casa em ordem, investir em melhores instalações e tecnologia para depois aumentar o plantio", afirma.

 

De acordo com Gabriel Manfrin Araldi, analista da Safras & Mercado, com o abate acentuado de matrizes com a crise econômica mundial durante a temporada 2008/2009, agora falta suíno terminado para abate. "Hoje os animais abatidos são mais leves, o que diminui a oferta de carne."

 

Estatística da Safras & Mercado mostra que a produção nacional de suínos vem diminuindo desde então. De janeiro a junho deste ano foram produzidas 215,775 toneladas da carne. Se comparado ao mesmo período em 2009, houve uma retração de 23,20%. Até junho do ano passado, o Brasil produziu 280,960 toneladas de carne de porco. Em maio deste ano, o País computou uma produção de 246,626 toneladas. Em relação ao mesmo mês de 2009, o recuo foi de 10,02%.

 

Por outro lado, com a recente valorização da carne bovina, justamente por falta de animal para abate, a demanda por carne de porco aumentou, contribuindo também para puxar as cotações da carne suína. "No fim de julho a arroba do suíno em São Paulo custava R$ 51, hoje está R$ 53", afirma o analista.

 

Em Minas Gerais, de acordo com Araldi, o quilo do suíno vivo no fim de julho estava cotado a R$ 2,90, e, atualmente, a carne vale R$ 3,10. Em Santa Catarina, da semana passada para esta semana, o quilo de porco vivo passou de R$ 2 para R$ 2,10. "Se os preços do boi continuarem firmes e a demanda por suíno aumentar existe a possibilidade de as cotações do porco subirem mais", afirma.

 

Segundo Pedro de Camargo Neto, presidente da Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (Abipecs), o abate de matrizes sempre ocorre quando as cotações da carne diminuem e este cenário reflete apenas de uma questão sazonal. "Não tem excesso de oferta, mas não está faltando animal para abate. O mercado está ajustado", diz.

 

O presidente da Abipecs considera ainda que o mercado interno aquecido está positivo para a indústria e que, financeiramente, está melhor para o criador. Ainda segundo Camargo Neto, existe a perspectiva de alta nos preços em função das interferências climáticas na Rússia. "Mas isso só vai repercutir na próxima temporada."

 

De acordo com a Safras & Mercado, os embarques de carne suína em agosto recuaram quase 7%, se comparado ao volume exportado em julho, quando o Brasil enviou 44 mil toneladas. Para Camargo Neto, o mercado interno compensa o recuo. "As exportações caíram, mas ninguém reclama", afirma.

 

A suinocultura brasileira deve, no médio prazo, sentir o reflexo do excesso de abate de matrizes, com consequente escassez de oferta, como acontece atualmente com os bovinos. A indústria de carne suína já opera em um cenário ajustado entre oferta e demanda e as cotações seguem tendências altistas. O mercado estima ainda aumento no custo de produção, com a previsão de avanço nas exportações de milho do Brasil. "Nos próximos meses a alta nos preços do suíno deve continuar", afirma Losivanio Luiz de Lorenzi, presidente da Associação Catarinense de Criadores de Suínos (ACCS).

 

Para Lorenzi, a recente liberação para importação de seis variedades de milho transgênico por parte da União Europeia (UE) e o anúncio do governo federal de que o País deve embarcar 12 milhões de toneladas do grão pode comprometer o abastecimento e os preços do insumo no mercado interno. "A preocupação é que falte milho aqui e os preços subam."

 

Segundo o presidente da ACCS, o setor está em processo de recuperação e o criador terá cautela para retomar a produção. "De 2005 para cá, mais da metade do tempo foi de crise para a suinocultura", diz, lembrando que ao longo deste período, as propriedades foram sucateadas.

 

Veículo: DCI


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