Cotação da arroba do boi já ultrapassa o patamar pré-crise

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As cotações da arroba do boi gordo já retomaram os patamares pré-crise. Para o mercado, a tendência continua altista. Em São Paulo, as negociações de bovino à vista, de acordo com índices do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), na semana passada, chegaram a R$ 92,30. Em julho de 2008, segundo levantamento da Scot Consultoria, a arroba atingiu o pico de R$ 91. Em agosto do mesmo ano, a arroba valia R$ 90,16. "Mesmo com os animais confinados os preços não devem recuar", afirma Alex Santos Lopes da Silva, analista da Scot.

 

Segundo Silva, a escassez de oferta de animal terminado para abate também tem sustentado os preços da carne no varejo. "Na última semana, a valorização média da carne bovina, em São Paulo, foi de 3%", diz, reiterando que houve alta nos preços da carne por quatro semanas consecutivas. Em um mês, o contrafilé e a fraldinha valorizaram 15%.

 

Para Silva, a partir de setembro e de outubro, quando deve entrar no mercado o boi de confinamento, ainda é possível que ocorra uma ligeira valorização da arroba ou, no máximo, estabilidade nos preços. "As ofertas estão curtas, houve queda no número de animais confinados. Não me espantaria se houvesse alta mesmo com os bois confinados", diz.

 

De acordo com Luciano Vacari, superintendente da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), com a oferta, mesmo que restrita, de animais confinados, os frigoríficos terão algum fôlego para operar escalas. "Mas não vejo recuo nos preços. A arroba a R$ 80 é coisa do passado", diz, lembrando que as entregas de bois confinados já estão ocorrendo. "Em setembro e outubro vão apenas atingir seu máximo."

 

Estudo da Acrimat aponta para 2010 um volume de 450 mil bovinos confinados em Mato Grosso. Para o superintendente, embora sem quantificar, um volume considerável desses bovinos já foi abatido. "O que vai balizar as cotações será a manutenção do montante exportado. Vamos suprir a demanda do mercado externo e interno", afirma.

 

Segundo Vacari, isso será possível devido ao aumento na produtividade. "Estamos matando boi mais cedo graças à tecnologia e estratégia nutricional", explica.

 

De acordo com o superintendente, em 2007, em Mato Grosso, foram abatidos cinco milhões de cabeças de gado, com um rebanho menor do que possui hoje.

 

Para Vacari, além da recuperação nos preços da arroba, o setor no Brasil também já recuperou os índices de embarques antes da crise econômica mundial, em 2008. Segundo Vacari, a Argentina, Uruguai, Austrália, Estados Unidos e Nova Zelândia estão com problemas para atender a demanda por carne. "Com isso, já recuperamos mercados."

 

Outra vantagem para o pecuarista, com a arroba valorizada, está na relação de troca com o milho. O insumo que vinha sofrendo queda nas cotações nos últimos cinco meses, de acordo com Rafael Ribeiro de Lima Filho, analista da Scot, reagiu neste mês devido ao aumento na comercialização no mercado interno.

 

Com isso, a relação de troca do milho com a arroba do boi gordo se manteve estável. O insumo, este mês está cotado em média a R$ 335 a tonelada, o que representa um avanço de 8,4% ante julho. "A alta do boi anulou a do milho."

 

De acordo com Filho, em São Paulo, são necessárias 3,75 arrobas de boi gordo para que o pecuarista adquira uma tonelada de milho. "Hoje o produtor precisa de 23% menos arrobas para a compra do insumo, se comparado a agosto de 2009."

 

João Carlos Werlang, presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Milho (Abramilho), espera ainda uma reação positiva nos preços do grão, pelo menos até a próxima safra. "Tudo vai depender da demanda."

 

Com a valorização da arroba e a falta de animais para abate, o preço da carne bovina acumula alta de 60% nas últimas temporadas.

 

Veículo: DCI


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