JBS diminuirá presença na Argentina

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Falta de gado para abate e restrições à exportação dificultam atividade de frigoríficos de carne bovina no país

 

A JBS anunciou anteontem que pode vender parte de suas unidades de processamento de carne na Argentina por falta de matéria-prima e em razão das restrições governamentais à exportação.

 

Maior processadora de carne do mundo, a empresa está com as atividades paradas ou reduzidas em 3 das 6 unidades que mantém no país vizinho.

 

Segundo interlocutores do ministro do Comércio Interior, Guillermo Moreno, o governo argentino já procura investidores e se ofereceu como facilitador do negócio para evitar o fechamento dos frigoríficos de Pontevedra e Berazategui, na Província de Buenos Aires, e de San José, na Província de Entre-Ríos.

 

Em seu relatório do segundo trimestre de 2010, a JBS já havia alertado sobre a "deterioração das condições do mercado na Argentina" decorrente dos preços altos do boi vivo e das limitações impostas pelo governo.

 

Desde 2008, o mercado local de carne bovina apresenta um grande desequilíbrio causado pela intervenção estatal e pela estiagem que secou as pastagens há dois anos, segundo o consultor da Abeceb Mariano Lamothe.

 

Com dificuldades de alimentar o gado e desestimulados pelos preços baixos fixados pelo governo, os produtores começaram a abater vacas -que, em situações normais, são preservadas para a reprodução- e reduziram o rebanho argentino em 9 milhões de cabeças (15%) nos últimos três anos.

 

REBANHO REDUZIDO

 

O produtor Nicolás David, da Província de Córdoba, é um exemplo da retração do setor. Nos últimos cinco anos, abateu 58% das vacas e diminuiu o rebanho de 5.500 para 3.500 cabeças.
"Comecei a trabalhar com agricultura e só mantive o gado onde não consigo plantar", afirma David.

 

A pouca oferta fez o preço do quilo do boi vivo saltar de US$ 1 para US$ 1,90 e inviabilizou principalmente as exportações, taxadas em 15%.
"O governo gerou mecanismos que tiram a previsibilidade do exportador", diz o consultor Víctor Tonelli. Segundo ele, até 2012 o país deve continuar com oferta de carne insuficiente.

 

As unidades da JBS na Argentina, compradas a partir de 2005, são essencialmente exportadoras. O grupo brasileiro Marfrig, que também atua no país, enfrenta menos dificuldades por atuar mais no mercado interno.

 

Segundo analistas, não há compradores para as unidades da JBS. A insegurança jurídica do país assusta os estrangeiros e, se a venda ocorrer, deverá ser intermediada pelo governo em benefício de uma cooperativa de trabalhadores ou investidor local.

 

Veículo: Folha de S.Paulo


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