Crise na pecuária argentina ajuda o Brasil a exportar, mas carne subirá

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Com país vizinho exportando menos, produto nacional pode se consolidar no mercado externo


 
A séria crise vivida pela Argentina no setor pecuário afeta o Brasil. De um lado, é bom para a consolidação do produto brasileiro no mercado externo -a Argentina, tradicional exportadora de carne de qualidade, pode deixar parte desse mercado para os brasileiros.

 

Ao entrar em mercados antes ocupados pela Argentina, o Brasil tem chance de mostrar o avanço da qualidade do produto nacional e receber mais por ele, o que já vem ocorrendo.

 

Uma participação maior do Brasil no mercado externo traz a chance de o país vender cortes diferenciados e com maior remuneração.
Essa melhora no valor da carne deveria, em tese, se converter também em remuneração para o pecuarista.

 

Isso está ocorrendo. Demanda interna aquecida e retorno das exportações, em um período de poucos animais para abate, elevaram os preços internos da arroba para R$ 92, ontem, no Estado de São Paulo, preço 15% maior do que o de há um ano.
De outro lado, o consumidor pode esperar, aos poucos, aumento real no preço da carne. À exceção do Brasil, que saiu de uma crise após a ocorrência da aftosa em 2005, os demais grandes produtores -Austrália, Argentina e EUA- têm sérios problemas na produção.

 

Esses problemas passam por limitação de áreas, como na Argentina, mudanças climáticas, na Austrália, e elevação de custos, nos EUA.
A situação no Brasil, no entanto, não é tão tranquila. A política de incentivos do governo a grandes instituições está deixando para trás uma série de pequenos frigoríficos de portas fechadas.

 

Em Mato Grosso, que tem o maior rebanho nacional, 13 dos 39 frigoríficos estão parados. A redução de unidades compradoras pode diminuir o poder de negociação dos pecuaristas.

 

Os números recentes da Argentina indicam a situação delicada do país. Líder em exportações de carnes durante décadas, os argentinos iniciaram os anos 2000 com redução nas vendas externas, mas vinham se recuperando.

 

As exportações de carnes frescas, que somaram 406 mil toneladas em 2005, recuaram para 212 mil em 2008, mas atingiram 361 mil em 2009. Nos sete primeiros meses deste ano, o volume está em apenas 87 mil.

 

Como carne na Argentina é sempre motivo de reunião ministerial, o país já estaria importando volume acima do normal do Uruguai.

 


Veículo: Folha de S.Paulo


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