Líder global em genética de frangos, a Aviagen, controlada pelo grupo alemão Erich Weshohann, acaba de unificar suas operações na América Latina para afinar e expandir sua atuação na região, onde é superada pela rival Cobb-Vantress, da americana Tyson Foods.
Segundo Ivan Lauandos, que era diretor-geral da subsidiária brasileira e assumiu a mesma função agora na nova divisão latino-americana, essa integração já estava prevista desde que o EW, que fatura mundialmente cerca de € 1 bilhão, adquiriu 100% da Aviagen, em 2007.
Naquele momento, a prioridade era fortalecer a Aviagen no Brasil, que representa mais da metade das vendas latinas do segmento e onde a companhia tem, hoje, participação de aproximadamente 30%. Concluída essa missão, veio a unificação, como previsto há três anos.
A época é propícia, já que o consumo de carne de frango na região é crescente, puxado pelo aumento quase generalizado da renda na América Latina. A Hubbard, do grupo francês Grimaud, informou ao Valor em abril que estava de volta ao Brasil depois de enfrentar problemas causados pela leucose, que reduz a produtividade das matrizes.
Assim, as três grandes múltis do ramo passam novamente a jogar as fichas com vigor no tabuleiro latino de genética para frangos. A Aviagen informa ter 55% do mercado global de reprodutoras (matrizes), que exclui aves avós e movimenta, conforme a empresa, US$ 1,6 bilhão por ano. A fatia leva em conta as distribuidoras autorizadas da Aviagen.
Com a unificação e o Brasil como base produtiva regional, a companhia pretende ampliar as exportações diretas de seus produtos para mercados como Venezuela, Colômbia, Equador e Chile. Até agora, a operação latina era dividida entre duas unidades, sendo que a mais importante abrigava Brasil (base produtiva), Paraguai, Uruguai e Bolívia.
Lauandos conta que, do Brasil, a Aviagen também já exporta avós e matrizes de frango para mercados de fora da América Latina, entre os quais a Índia. Ainda assim, 70% das vendas da subsidiária brasileira são no próprio país, percentual que deve diminuir com a unificação latina.
Essa redução, reforça, não será por perda de espaço no Brasil, onde a demanda voltou a crescer expressivamente e o consumo per capita de carne de frango deve superar 40 quilos em 2010. "Com o encarecimento da carne bovina, o consumo de carne de frango voltou a aumentar com mais força. O movimento também acontece em outros países da região, como Argentina e Colômbia".
De olho nas boas perspectivas globais, a Aviagen programou investimentos de US$ 50 milhões em pesquisa e desenvolvimento para o ano-fiscal 2010/11. Graças a aportes nessa frente, hoje o produto (matriz) que é o carro-chefe da Aviagen alcança 185 gramas em sete dias. Há 13 anos, eram 140 gramas.
Veículo: Valor Econômico