Brasil pode exportar carne bovina para a Argentina

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A Argentina, a quinta maior produtora de carne bovina e o sexto país no ranking das exportações mundiais, de acordo com estatística da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), deve passar, no curto prazo, a importadora do produto. Para Luciano Vacari, diretor superintendente da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), o Brasil, mesmo com o volume de animais prontos para abate reduzido pode suprir o iminente déficit de carne do país. "Eles vão ter de importar de alguém. Há possibilidade de os argentinos comprarem do Brasil."

 

No entanto, segundo Gabriela Tonini, analista da Scot Consultoria, os embarques para a Argentina vão depender de políticas públicas locais. Já que o país nunca foi importador de bovino.

 

Ainda de acordo com Tonini, a oferta de carne na Argentina hoje é pouca e os frigoríficos operam com um volume baixo de animais para abate em relação aos últimos anos. "Já falta carne na Argentina. O momento é de oferta muito restrita", diz. Estimativa da Abiec aponta que a produção de carne bovina no país vizinho caiu 12,5%. Em 2009, a pecuária argentina produziu 3,2 milhões de toneladas de carne, ante 2,8 milhões de toneladas em 2010. Com isso, os preços da arroba do boi gordo no país avançaram mais de 110% nos últimos dez meses.

 

Dados da Scot mostram o valor da arroba bovina no país no início de janeiro deste ano a US$ 31,72, atualmente a cotação gira em torno de US$ 68,80. "A alta nos preços pode interferir no consumo do país, que está entre os mais altos do mundo", diz Tonini.

 

De acordo com levantamento da Abiec, em 2009 os argentinos consumiram 2,64 milhões de toneladas de carne bovina. A Scot aponta um consumo per capita entre 55 e 56 quilos por ano.

 

A quebra na safra bovina da Argentina ocorreu devido à limitação nas exportações imposta pelo governo de Cristina Kirchner, segundo o superintendente.

 

Para Vacari, a medida do governo local, de reduzir os embarques do produto para aumentar a disponibilidade de carne no mercado doméstico só funcionou nos planos de Kirchner, presidente da Argentina. "As exportações da Argentina sempre foram significativas, a limitação desestimulou o pecuarista, que começou a abater matrizes", observa.

 

No Brasil, apesar de os frigoríficos operarem em escalas curtas, por escassez de bovino pronto para abate, o momento atual é de retenção de fêmeas, o que sinaliza investimentos no setor. A previsão do mercado é de recuperação do rebanho nacional em 2014. Até lá, os preços da carne devem se manter altistas. Tanto que as cotações da arroba do boi gordo em São Paulo já ultrapassaram a casa dos R$ 100. No início do mês, o setor previa que esse patamar poderia ser atingido até o fim do ano.

 

Segundo Tonini, o equivalente físico calculado pela Scot, que apura a receita com a venda da carcaça bovina pelo frigorífico, passou o preço do boi pela primeira vez no ano.

 

Isso mostra, de acordo com a analista, que, apesar da grande dificuldade em comprar animais terminados, sendo necessário oferecer cada vez mais pela arroba, o consumo interno está bom. O que permite a indústria aumentar os preços do produto no atacado, melhorando, de certa forma, suas margens.

 

Normalmente, ao comercializar a carne com osso, as indústrias não conseguem receita acima do valor da arroba. "A significativa alta da carne bovina com osso possibilitou que a diferença ficasse positiva", pondera.

 

Hoje, segundo Tonini, a diferença no preço da carcaça ante a arroba está 1,2% a mais.

 

A média nacional da carcaça frente a arroba gira em torno de 10% a menos. "Em 2002, chegou a menos 20%."

 

Veículo: DCI


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