No novo prédio, áreas estratégicas ficam em andares separados para não desobedecer ao Cade
Ainda sob análise do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), Sadia e Perdigão deram um passo simbólico na integração de suas operações. Desde ontem, boa parte dos funcionários da área administrativa das empresas começou a trabalhar no mesmo endereço. A sede da nova Brasil Foods fica na Rua Hungria, no Jardim Paulistano, em São Paulo.
O imóvel estava alugado desde maio do ano passado, à espera da aprovação da fusão pelo Cade ainda em 2010, o que não ocorreu. Os executivos da empresa dizem que tomaram medidas para não descumprirem o acordo que garante a reversibilidade da operação.
Nos cinco andares que vão ocupar no antigo prédio do Banco Santander, as áreas de mercado externo, bovinos, lácteos e suporte à operação (compras, comunicação corporativa e jurídico) ficarão juntas. Já áreas que têm "informação privilegiada", como marketing, comercial e mercado interno de cada uma das empresas, ficarão em andares separados.
"É parte do processo de fusão. Mas deixaremos as operações em andares diferentes", diz o presidente da BRF, José Antonio Fay. "Nossa expectativa é que o caso no Cade se resolva neste semestre. Entendemos que o assunto é complicado, mas está passando do prazo razoável."
A mudança para a nova sede vem sendo discutida há meses. O temor era que o Cade interpretasse como uma pressão para aprovar o caso mais rapidamente. Os advogados da BRF consultaram o acordo de reversibilidade da operação assinado com o governo e concluíram que podiam fazer uma integração "intermediária", segundo executivos da empresa.
O fato de ter um imóvel novo, de estar pagando um aluguel de mais de R$ 500 mil por mês e de ter funcionários mal acomodados no bairro Jaguaré, em São Paulo (antiga sede da Perdigão), pesou a favor da decisão. Além disso, no fim do ano passado, a Sadia vendeu, por cerca de R$ 120 milhões, o terreno onde ficava a sua sede, na Vila Anastácio (zona oeste de São Paulo), para a canadense Brooksfield. Na avaliação dos executivos da empresa, foi um ótimo negócio, propiciado pela especulação imobiliária na cidade.
"Ginástica". Nem todos os funcionários administrativos vão se mudar para a Rua Hungria neste momento. Por causa das exigências feitas pelo Cade, de manter separadas operações estratégicas, o imóvel não comporta todo mundo. Para desenhar essa disposição intermediária dos funcionários, a BRF teve de fazer uma "ginástica".
Vão permanecer nas sedes antigas as áreas de controladoria, inovação, controle de qualidade e planejamento. Na Vila Anastácio, a Sadia negociou um prazo de 18 meses a partir da venda do terreno para deixar o local.
A BRF já adianta, no entanto, que a Rua Hungria não será sua sede definitiva. A empresa já estuda duas opções depois que a fusão for aprovada: a reforma da sede da Perdigão no Jaguaré, acrescida de um terreno anexo, ou ainda a busca de uma terceira localização.
Veículo: O Estado de S.Paulo