Carne de frango ganha mercado

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Consumidor substitui o cardápio devido aos altos preços do produto de origem bovina.

 

Controle da oferta do produto no mercado interno pode ser uma opção da avicultura para manter preços


 
A valorização significativa do boi gordo está contribuindo para a manutenção de preços rentáveis nas carnes de frango. De acordo com a análise da consultoria agropecuária Safras & Mercados, a demanda pelas carnes normalmente cai em janeiro devido ao período de férias.

 

Mesmo com o recuo no consumo, o impacto nos preços do frango vivo na primeira quinzena de janeiro, em Minas Gerais, foi pequeno. O produto acumulou perdas de 3% frente os preços praticados em dezembro.

 

Apesar dos preços menores, os avicultores ainda estão lucrando com a atividade. As expectativas em relação ao próximo mês são cautelosas. Mesmo com a previsão de retomada dos níveis de consumo, a escassez de milho, principal insumo da atividade, poderá comprometer o rendimento da atividade, uma vez que o repasse total do aumento do custo ao consumidor pode promover a substituição da carne de frango por outros produtos com preços mais acessíveis. O quilo do frango vivo está girando em torno de R$ 2,15, sendo o valor que vigorou ao longo de dezembro de R$ 2,20.

 

De acordo com o analista de mercado da Safras & Mercados, Fernando Henrique Iglesias, a tendência para os próximos meses é de retomada dos níveis de consumo. Porém o aumento da rentabilidade está atrelado ao controle da desvalorização da moeda norte-americana e do aumento da oferta de grãos, principalmente milho.

 

Controle - "Para que os preços do setor proporcionem lucro significativo é preciso que ocorra um maior controle da oferta do produto no mercado interno, o que será facilitado com o aumento das exportações. As negociações dependem da contenção da valorização do real para tornar os embarques viáveis. Além disso, a oferta de grãos em Minas está muito restrita, o que encarece os custos da atividade. Somente com a regularização da oferta que o lucro poderá ser maior", disse Iglesias.

 

Na avaliação de Iglesias, para manter a lucratividade em Minas, é necessário que os preços do frango vivo fiquem acima de R$ 2. "Minas Gerais ainda não enfrentou reduções bruscas como as registradas em São Paulo, onde o produto está cotado em torno de R$ 1,85 o quilo", avaliou.

 

Os resultados do setor em 2010 foram positivos. Entre janeiro e dezembro foi registrada alta próxima a 20% nos preços do frango vivo posto na granja. De acordo com Iglesias, a alta tem como principais fatores o aumento significativo dos preços do boi gordo, o que favoreceu a substituição da carne bovina pela de frango e a retomada da demanda internacional pelo produto, o que ajudou a promover o equilíbrio entre a oferta e a demanda.

 

Ao longo de 2010, mesmo com a alta nos preços e na demanda pelos produtos, o encarecimento dos custos reduziu a geração de lucro para os produtores que vinham enfrentando prejuízos desde o início do ano. No período somente o custo com o milho passou de R$ 16 a saca de 60 quilos para R$ 30 por saca, o que representa alta de 87,5%.

 

Embarques - O impacto no setor não foi mais expressivo devido à recuperação das exportações mineiras de frango. De acordo com os dados do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), os embarques mineiros de carne de frango em 2010 apresentaram a maior evolução na receita entre o setor de carnes.

 

O incremento no faturamento dos embarques foi de 35,7% na comparação com os 12 meses de 2009 e um valor comercializado de US$ 252,9 milhões. O volume embarcado ficou em 162,9 mil toneladas, alta de 16,65% em relação aos 139,6 mil toneladas embarcadas anteriormente. O preço pago pela tonelada ficou em US$ 1,550 mil.

 

"As exportações em 2010 tiveram papel fundamental. Além do maior controle da oferta de carne no mercado interno, também ajudou na formação de preços e na geração de lucro para os produtores. O grande desafio em 2011 será no controle da valorização do real frente ao dólar, o que é essencial para a manutenção do crescimento registrado nos embarques mineiros", disse Iglesias.

 


Veículo: Diário do Comércio - MG


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