Japoneses já pescam atum no Nordeste

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Companhia brasileira venceu edital para arrendar 16 embarcações com tecnologia e pessoal do país asiático

 

Pelo acordo, 65% da produção deve ser exportada para o Japão, principal comprador mundial de peixes

 

Empresários do Rio Grande do Norte firmaram um acordo de arrendamento de barcos japoneses, que serão usados para a pesca de atum no oceano Atlântico.
A parceria envolve 16 embarcações e prevê que 65% da mercadoria seja exportada para o Japão.

 

Com a pesca já saturada nos oceanos Pacífico e Índico, os japoneses tentam aumentar a produção em outras partes do mundo.

 

Os primeiros dois barcos da parceria já saíram do Rio Grande do Norte na semana passada. Uma terceira embarcação está ancorada em Natal, ainda sem a documentação completa, e outras 13 devem chegar ao Brasil até o final de março.
Os japoneses pescam em todos os oceanos mas, mesmo assim, não conseguem suprir a demanda interna.

 

De acordo com o coordenador técnico do Sindicato das Indústrias de Pesca de Itajaí, Marcos Bailon, o Japão pesca hoje mais atuns do que a natureza consegue repor.
O arrendamento deve dobrar a captura de atum brasileiro, segundo as empresas envolvidas.

 

Hoje, o país pesca 4.100 toneladas do peixe por ano. A expectativa é que a tecnologia estrangeira permita que esse número chegue a até 10 mil toneladas.
Os organizadores dizem que o projeto permitirá a pesca em águas internacionais, em locais com até 500 metros de profundidade. O Brasil hoje tem tecnologia para alcançar apenas cem metros.

 


TRIPULAÇÃO

 

A parceria foi firmada entre a empresa Atlântico Tuna e a cooperativa de pescadores Japan Tuna.

 

Além dos barcos, a tripulação também é japonesa. Das 22 pessoas que estão a bordo em cada navio, apenas quatro são brasileiras.

 

O alvo serão espécimes de atum-verdadeiro. Esse tipo de peixe é mais nobre que aqueles comercializados em lata e é utilizado pelos japoneses na produção de sushis e sashimis.

 

De acordo com o presidente da Atlântico Tuna, Gabriel Calzavara de Araújo, o quilo dos peixes capturados costuma ser comercializado por até US$ 10 (R$ 17). Os atuns devem pesar até 50 quilos.

 

A empresa brasileira foi autorizada a arrendar os barcos após vencer edital do governo brasileiro.
A Comissão Internacional para a Conservação do Atum Atlântico permite que 272 mil toneladas do peixe sejam capturadas por ano.

 


Produção japonesa caiu 38% desde 1995

 

Segundo a FAO (Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação), o Japão importou US$ 14,9 bilhões em frutos do mar em 2008, sendo o maior comprador mundial desses produtos.

 

Quinto maior produtor mundial de peixes, o país vê diminuir sua produtividade. A pesca de atum caiu de 332 mil toneladas em 1995 para 206 mil em 2009, segundo o governo. A queda tem relação com o esgotamento dos cardumes, entre outros fatores.

 

O Japão é célebre pela pesca predatória: apesar de signatário do acordo da Comissão Internacional da Baleia, que proíbe a pesca comercial de cetáceos, o país alega que caça baleias para fins científicos -e vende a carne para restaurantes depois.

 


Veículo: Folha de S.Paulo


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