A Coopercentral Aurora, central de cooperativas sediada em Chapecó (SC), informou ontem que, em virtude da crise global, adiará investimentos e que essa postergação envolverá R$ 871 milhões em obras que estavam previstas para começar apenas em 2009. Além da construção de um novo frigorífico em Canoinhas (SC), orçado em cerca de R$ 400 milhões, e da ampliação da unidade de suínos em São Gabriel do Oeste (MS), em um total de R$ 71 milhões, a cooperativa adiará outros R$ 400 milhões que seriam aplicados em Carazinho (RS), em uma nova unidade cuja construção começaria somente no ano que vem.
Mário Lanznáster, presidente da cooperativa, justificou a decisão em razão do período conturbado na economia mundial, que tem levado à suspensão de encomendas no exterior. "A exportação em outubro está praticamente nula", disse ele. "Alguns compradores não autorizam o embarque e outros não autorizam os pagamentos dos pedidos", explica, acrescentando que boa parte das cargas já está nos portos, mas ainda aguarda autorização de compradores da Europa e Ásia para serem embarcadas.
As exportações respondem por 20% das vendas totais da cooperativa por ano e outubro seria um mês de forte volume, uma vez que a Rússia, atendida hoje principalmente pelas operações que a Aurora possui no RS, deixa de comprar durante o período de inverno mais rigoroso, que se inicia no fim do ano, em decorrência do congelamento das águas.
As plantas de Canoinhas e de Carazinho eram o investimento mais pesado da história da Aurora na área de frangos e envolviam não só frigoríficos, mas também incubatórios, granjas e fábricas de rações. Tanto Carazinho quanto Canoinhas teriam capacidade de abate de cerca de 300 mil frangos/dia cada uma, o que triplicaria a atual produção da cooperativa. Hoje, a Aurora abate 113 milhões de frangos por ano.
Segundo Lanznáster, a suspensão do programa de investimentos somente será revista em janeiro, quando a assembléia geral examinará os resultados de 2008. A previsão da cooperativa para 2009 é de crescimento de, no máximo, 20% na receita. Antes da crise, a expectativa era de ir além dos 24% de crescimento que terá neste ano, totalizando um faturamento em torno de R$ 2,7 bilhões.
O presidente do grupo destacou ainda as dificuldades de crédito que vem encontrando neste momento. "Os bancos estão todos retraídos, não temos conseguido renovar linhas de capital de giro. O dinheiro em caixa está curto", diz.
Outra cooperativa de Santa Catarina, a Copercampos, sediada em Campos Novos, ao contrário da Aurora, informou ontem que não pretende adiar os investimentos no seu primeiro frigorífico de suínos, que começou a ser construído em outubro de 2007. O vice-presidente da Copercampos, Luiz Carlos Chiocca, disse que os custos de parar agora, "no meio do caminho", seriam muito altos, e poderiam perder financiamentos já contratados para a planta. "Infelizmente, temos que continuar.
Tudo levaria a parar, mas não temos como parar no meio do caminho. Nossos planos continuam, salvo algum desastre maior", disse. O frigorífico da Copercampos está previsto para entrar em operação em novembro de 2009 e terá capacidade para abate de 2 mil suínos/dia.
Veículo: Valor Econômico