Suinocultura brasileira já mira Coreia e Japão

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A China habilitou os frigoríficos Cotrijuí, do Rio Grande do Sul, Aurora, de Santa Cataria, e Brasil Foods, de Goiás, para exportar carne suína. A empresa Cotrijuí, se considera a grande surpresa entre as três unidades. Essas plantas devem exportar em um primeiro momento 50 mil toneladas para o país asiático, e faturar aproximadamente US$ 120 milhões este ano com a transação. Até o final deste ano, outras 23 plantas devem ser licenciadas a exportar 200 mil toneladas. Com isso, outros mercados como a Coreia do Sul, Japão e Estados Unidos podem abrir seus mercados para essa carne.

 

Na última semana uma comitiva brasileira, liderada pela presidente Dilma Rousseff esteve na China para fomentar a abertura e ampliação das importações asiáticas oriundas do Brasil. Na ocasião, o ministro da Administração Geral de Qualidade, Inspeção e Quarentena da China, Zhi Shuping, anunciou a aprovação inicial dos três frigoríficos nacionais para a exportação de suínos, dos 13 que haviam sido avaliados por uma missão chinesa que esteve no Brasil no ano passado. Além destas, o governo brasileiro ainda apresentou outras 13 unidades para que fossem avaliadas. "A China foi o primeiro grande mercado de alto valor agregado que conseguirmos acessar. Acredito que agora vamos avançar com outros países, inclusive os Estados Unidos. Os chineses são muito exigentes quando se trata de carne suína. Por isso, um aval da China significa uma vitrine para outros importantes mercados asiáticos", afirmou ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Wagner Rossi.

 

A aprovação das outras dez já inspecionadas pelos chineses pode sair ainda este ano, dado a adequação necessária às ressalvas levantadas pelos asiáticos. Segundo fonte ligada ao ministério, para a aprovação das 13 plantas que ainda não foram visitadas pelos empresários chineses, o Brasil fará um pedido de equivalência, ou seja, estes frigoríficos irão se adequar conforme as plantas já aprovadas, e o governo brasileiro inspecionará e garantirá essa validação aos chineses, "descartando os percalços e delongas de mais uma visita chinesa", disse a fonte. Após a entrada das plantas o Brasil pode faturar com a venda de suínos mais de R$ 500 mi.

 

O Brasil produziu em 2010 aproximadamente 3,1 milhão de toneladas de carne suína, e exportou aproximadamente 540 mil toneladas, sendo a Rússia o principal mercado para o País, com uma participação de 43% nas exportações. Com a abertura do mercado chinês, este ano o Brasil pode embarcar mais 50 mil toneladas de suínos, o que colocaria o país asiático entre os três maiores importadores da carne brasileira, atrás apenas de Hong Kong, com 99 mil toneladas e a própria Rússia, desbancando a Ucrânia, com 40 mil toneladas. "No ano passado exportamos aproximadamente 540 mil toneladas de suínos, e queremos que a China responda por 40% de todo volume embarcado, ou seja, 200 mil toneladas. Mas isso só deve acontecer a longo prazo, em dois anos talvez. Afinal, foi assim com o frango também. Eles abriram o mercado e somente este ano vimos volumes consideráveis", frisou o diretor da Secretaria de Relações Internacionais do Agronegócio do Mapa, Otávio Cançado.

 

A preocupação agora é com o aumento da produção brasileira de suínos. Em 2010 o consumo por habitante foi de 14,76 quilos por pessoa, o que remete a um consumo de 2,8 milhões de toneladas no país todo. Juntando a isso o volume de 540 mil toneladas exportado, o Brasil precisava ter produzido algo em torno de 3,34 milhões de toneladas, contra as 3,23 milhões produzidas.

 

 

Segundo o presidente da Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (Abipecs), Pedro de Camargo Neto, o Brasil possui grande capacidade para ampliar esta produção, entretanto é preciso confirmar a demanda para se ampliar os abates. "É difícil avaliar o volume que a China importará nos próximos anos. O Brasil não tem nada sobrando. Carne não se produz para estocar. Na medida que se ampliam às vendas internas e externas vai-se ampliando também a produção. O Brasil pode se preparar para produzir e exportar muita carne. Será preciso, porém, aguardar a demanda ficar firme".

 

 

Empresas

 

Apesar de ainda não ter recebido a confirmação oficial do ministério da agricultura brasileiro, a Cooperativa Agropecuária & Industrial (Cotrijuí), já comemora o maior feito da sua história: ser aprovada, juntamente com outras duas gigantes do setor, para exportar para a China. A cooperativa de beneficiamento, industrialização e comercialização de produtos agropecuários, com mais de 18.500 associados, afirmou que isso foi conquistado com muito esforço e trabalho.

 

"Estamos trabalhando há dois anos junto a Abipecs, com o ministério e com o sindicato também, buscando novos mercados. É um conjunto de trabalhos que foram realizados para isso. Quando a missão chinesa nos visitou foi muito positivo, seguimos um check-list bem rigoroso e todas as normas, e pedidos deles, para conseguirmos essa habilitação", disse o diretor da empresa Osmildo Bieleski.

 

Atualmente a planta da empresa abate diariamente 1,7 mil suínos por dia. E a expectativa, com essa abertura, é passar para 2,5 mil animais por dia. "Temos sempre que melhorar e crescer. Precisamos investir, é uma necessidade. Não sei ao certo quanto investiremos, mas a meta é a cada ano dar um passo pra frente, temos que aumentar a produção no campo, aumentar as plantas frigoríficas e ai aumentar os abates".

 

Para o presidente da Aurora, Mário Lanznaster tudo é motivo para alegria, pois além das plantas para frangos que já exportam para os chineses, agora os suínos também entrarão nessa lista. Hoje a Aurora possui sete unidades frigoríficas para o abate de suínos, sendo que apenas uma não é no sul do País. Além desta unidade a Aurora já prepara mais duas para atender o mercado chinês. "Nesse primeiro momento nós apresentamos uma planta só. Esta que foi habilitada. Ainda temos outras 6 plantas, mas estamos submetendo mais duas a esse processo, as outras não interessam para nós, porque não é sempre que vamos ter pra exportar. O que sentimos em relação a China é que ela vai começar devagar, e daqui a cinco, eles devem figurar como o maior cliente do Brasil em suínos".



Veículo: DCI


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