Com os contratos assinados e um financiamento de R$ 70 milhões do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) já liberado, a Coasul, maior cooperativa do Sudoeste paranaense, decidiu manter a construção de uma fábrica de ração e de uma indústria de abate e processamento de aves com capacidade para abater 100 mil aves por dia já iniciada em sua sede em São João. "Temos a informação de que a liberação dos recursos não será interrompida em função da crise financeira mundial. Isto nos dá uma certa tranqüilidade, embora saibamos que a atual crise poderá afetar o consumo da produção de carne no mundo e provocar dificuldades lá na frente. Mas neste momento o projeto vai andar normalmente", garantiu presidente da cooperativa, Paulino Fachin.
O investimento total no projeto é de R$ 84 milhões, sendo R$ 70 milhões tomados junto aos bancos, e R$ 14 milhões de recursos próprios da cooperativa. "Serão necessários ainda mais R$ 40 milhões para financiar os avicultores. Mas estes recursos poderão ser emprestados diretamente pelos produtores", disse Fachin. A previsão é que em dois anos a indústria entre em operação, devendo gerar mais de mil empregos diretos e três mil indiretos, com 70% da produção destinada ao mercado externo.
O presidente da Coasul lembrou, no entanto, que a cooperativa tem vários planos de investimentos na área de armazenagem e infra-estrutura, mas que a ordem no momento é colocar o pé no freio e reavaliar com prudência qualquer ação futura. "Acredito que a atual crise poderá ser maior do que está sendo anunciada pela mídia e pelas autoridades governamentais, por isso, qualquer empresário no Brasil e no mundo deve esperar para ver o que irá acontecer com a economia mundial", disse.
Para ele, o Brasil está um pouco mais preparado, em função das instituições bancárias terem normas diferentes das de outros mercados mundiais, mas também será afetado. "Não passaremos ilesos, principalmente, o setor de agronegócio. Uma prova disso é a queda brusca no preço das commodities", alertou. Segundo ele, em função da elevação dos preços dos fertilizantes e defensivos e a queda nos preços dos grãos, o produtor terá dificuldades para manter os ganhos inicialmente previstos, o que trará problemas na comercialização.
Veículo: Gazeta Mercantil