Rússia barra importação de carnes brasileiras

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Medida atinge três Estados e praticamente fecha mercado para suínos

 

Brasil exportou US$ 2 bi em 2010 à Rússia, que alegou questões sanitárias; governo levará missão a Moscou

 

A Rússia proibiu a entrada no país de carnes brasileiras dos Estados do Paraná, do Rio Grande do Sul e de Mato Grosso. A medida anunciada ontem, válida a partir do dia 15, pode afetar as exportações do setor, responsável por 18% da receita do agronegócio no mercado externo.

 

A proibição abrange 85 frigoríficos. Entre as empresas afetadas estão as gigantes Brasil Foods, JBS e Marfrig.

 

Em 2010, o Brasil exportou o equivalente a US$ 13,63 bilhões em carnes. Desses, US$ 2 bilhões, o equivalente a 15%, foram para a Rússia.

 

O país alega questões sanitárias para a proibição, mas não detalha quais seriam os problemas. Em meados de maio, durante visita de comitiva brasileira a Moscou, os russos apontaram problemas no sistema de inspeção brasileiro. Mesmo assim, a medida anunciada ontem surpreendeu o mercado.
"A medida não tem fundamento. Se há problema sério, por que esperar 15 dias para impedir as importações?", questionou Francisco Turra, presidente da Ubabef (associação de produtores e exportadores de frango).

 

O Ministério da Agricultura também recebeu com "estranheza" a notícia e enviará uma missão a Moscou na segunda quinzena de junho para tentar reverter a proibição.

 

IMPACTOS

 

Os produtores de suínos são os mais prejudicados. Apesar de trabalhar nos últimos anos para diminuir a dependência dos russos, em 2010 cerca de 48% da receita obtida pelo setor no mercado externo ainda veio da Rússia.

 

O corte anunciado ontem afeta 20 frigoríficos de carne suína que estavam autorizados a vender à Rússia. Agora, resta apenas uma unidade habilitada a exportar para lá. A restrição, portanto, praticamente mina o comércio exterior dessa indústria.

 

A Rússia também é o principal comprador da carne bovina brasileira, ao representar 22% das exportações no ano passado. Mas, para Antonio Camardelli, presidente da Abiec (associação dos exportadores de carnes), o setor contornará a medida.
"Temos capilaridade, podemos exportar para a Rússia a partir de unidades em outros Estados", afirmou.

 

No caso da carne de frango, que tem como principal destino os países do Oriente Médio, o impacto é menor: cerca de 4% dos embarques são destinados aos russos.
A JBS e a Marfrig disseram, em comunicado, que manterão as suas exportações para a Rússia a partir de outras fábricas, dentro ou fora do país. A Brasil Foods não se pronunciou.

 


Veículo: Folha de S.Paulo


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