O aumento dos custos de produção, impulsionado pelas altas das cotações das principais matérias-primas, como o boi gordo e os grãos, prejudicou as margens das empresas de proteínas no primeiro trimestre. A maior necessidade de capital de giro acabou afetando também a geração de caixa das companhias, que já estão adotando medidas para compensar esses gastos. Mesmo assim, no próximo trimestre a questão dos custos ainda será motivo de preocupação.
Analisando os números apresentados por BRF, JBS, Marfrig e Minerva, de janeiro a março, o custo dos produtos vendidos aumentou, em média, mais de 30% na comparação com o primeiro trimestre do ano passado. O percentual mais expressivo ficou com a Marfrig – incremento de 70,7%, para R$ 4,523 bilhões, parcialmente influenciado pela integração da irlandesa O’Kane Poultry e da norte-americana Keystone Foods. A margem bruta da companhia recuou 3,2 pontos percentuais, para 13,9%.
Na sequência ficou o Minerva, com crescimento dos custos em 23,4%, para R$
758,6 milhões. A margem bruta do frigorífico caiu 3,6 pontos percentuais, para 13,8%.
O principal peso para o aumento de custos das companhias foi a matéria-prima.
No caso do boi gordo, a alta foi de 34,4% no primeiro trimestre ante igual intervalo de 2010, segundo o indicador Esalq/BM&F, apurado pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), jáá que o preço médio foi de R$ 104,30 por arroba ante R$ 77,60/arroba nessa comparação. Já os preços médios do milho e a soja no mercado interno estiveram 68,5% e 32,1% maiores do que em igual período do ano passado.
Para o diretor presidente do Minerva, Fernando Galletti de Queiroz, o comportamento dos custos reflete a dificuldade que o setor passou no primeiro trimestre. "Tivemos excesso de demanda e pouca oferta (de boi)", disse Galletti, explicando que no final do ano passado alguns frigoríficos superestimaram a demanda e entraram em janeiro estocados.
EUA. A JBS teve seu resultado do primeiro trimestre prejudicado pelas suas operações de frango nos Estados Unidos, a Pilgrim’s Pride. No período, a unidade registrou Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e
amortizações) negativo de US$ 55,2 milhões, ante Ebitda positivo de US$ 59,5 milhões em período equivalentede 2010, reflexo da alta nos preços dos grãos e redução dos estoques, entre outros fatores.
Para o presidente da JBS, Wesley Batista, a demanda pela proteína está firme e, por meio de uma melhor gestão de compras de insumos, aumento de preços dos produtos e ganhos de sinergia, a empresa tentará reverter esse desempenho nos próximos períodos.
Veículo: Jornal do Commercio - RJ