Diretor do Ministério da Agricultura viaja para Indonésia, Malásia e Japão para avançar nas negociações para o início das vendas do produto brasileiro
O diretor de Assuntos Sanitários e Fitossanitários do Ministério da Agricultura (Mapa), Otávio Cançado, iniciou ontem missão à Indonésia, Malásia e Japão. O objetivo da viagem é avançar nas negociações para a abertura do mercado de carnes suína, bovina e de aves dos três países.
A missão faz parte de uma estratégia do governo para ampliar mercados para as carnes brasileiras. No mês passado, a presidente Dilma Rousseff esteve na China onde negociou a comercialização do produto, em especial a carne suína. Na semana passada foi vez do vice-presidente, Michael Temer, liderar um grupo em visita à Rússia para resolver pendências sobre a venda de carnes para os países da União Aduaneira formada em 2010 entre Rússia, Cazaquistão e Bielorrússia.
Em seguida, o secretário do Mapa, Célio Porto, acompanhou o presidente da Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (Abipecs), Pedro de Camargo Neto, em uma viagem à Seul, capital da Coréia do Sul, para uma nova rodada nas negociações para abertura do mercado coreano para os suínos brasileiros.
A nova missão que chegou ontem à Jacarta, se reúne com técnicos do Ministério da Agricultura da Indonésia para buscar a permissão do início dos embarques das carnes bovina e de aves do Brasil. O governo da Indonésia precisa reconhecer o princípio da regionalização para controle da febre aftosa, pré-requisito para o comércio bilateral do produto. "Já cumprimos com todas as exigências do país. Falta apenas uma questão mais burocrática, que esperamos resolver nessa reunião", informou o diretor do Ministério da Agricultura. O encontro faz parte da 5º reunião do Comitê Consultivo Agrícola Brasil-Indonésia, instituído para a resolução dos temas de interesse bilateral. Durante a reunião, o diretor do Ministério começará ainda a negociação para exportação de frutas tropicais ao país asiático.
"A Indonésia tem uma população de 245 milhões de habitantes, que hoje apresenta baixo consumo de proteína animal porque o custo de produção interna é alto", disse Cançado. "O Brasil tem condições de fornecer carne de qualidade com preços mais acessíveis", explicou. Além dessas vantagens, o Brasil pode exportar carne sob o sistema Halal, abate feito de acordo com regras da religião muçulmana.
Em Kuala Lumpur, Cançado conhecerá o resultado das inspeções realizadas em fevereiro deste ano, pelas autoridades sanitárias da Malásia, a frigoríficos brasileiros de aves e bovinos. Ao todo, 22 indústrias foram auditadas. Se a avaliação pelo serviço veterinário for positiva é possível a habilitação imediata das indústrias nacionais. Atualmente, o Brasil não exporta carne para aquele país.
A vinda de uma missão japonesa ao Brasil será o foco da visita do diretor a Tóquio. Em reunião com técnicos do Ministério da Agricultura, Floresta e Pesca do Japão, será apresentada proposta brasileira de antecipar para julho a missão japonesa ao Brasil, prevista para setembro. Os técnicos do país asiático precisam verificar o sistema de inspeção brasileiro para liberar as vendas de carne suína e bovina nacional. Hoje, o Brasil já é o principal fornecedor de carne de aves para o Japão. Em 2010, a receita com carne de frango exportada para o país asiático ultrapassou US$ 200 milhões.
Rússia
O presidente da Abipecs, afirmou que a reunião com representantes da autoridade sanitária russa, o Rosselkhoznadzor (Serviço Federal de Fiscalização Veterinária e Fitossanitária), na semana passada, em Moscou, foi um avanço político, mas faltou discutir questões técnicas. "O encontro foi bom. Aquele clima ruim não existe mais [de críticas ao serviço sanitário brasileiro], mas faltou discutirmos as questões técnicas. Nada foi definido sobre os assuntos que envolvem o setor de carnes", disse o executivo. Camargo Neto participou da missão oficial brasileira à Rússia, liderada pelo vice-presidente da República.
O presidente da Abipecs disse, ainda, que uma nova reunião técnica será agendada brevemente. "Devemos aguardar esse reunião para termos questões técnicas mais concretas. Mas de qualquer maneira, deixamos os canais de comunicação abertos, os quais precisam existir para que questões técnicas possam ser solucionadas", declarou Camargo Neto.
Veículo: DCI