Após garantir presença na China, carne nacional busca rentabilidade

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Esforço dos produtores agora é para conquistar nichos quepaguemmelhor e expandir presença em novos mercados, como Marrocos, Turquia, Indonésia e Malásia

 

Para minimizar os efeitos negativos do câmbio, os exportadores brasileiros de carnes se esforçam para agradar os paladares orientais. Com nove unidades habilitadas a vender carne bovina para China e outras nove aguardando a homologação —o que deve ocorrer no próximo trimestre —, os frigoríficos brasileiros já marcam presença nas gôndolas chinesas e agora querem ampliar a rentabilidade.

 

De acordo com o presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes,Antonio Jorge Camardelli, após a presença efetiva no varejo asiático, o próximo passo é migrar para nichos com melhores preços, procurando atender a preferência local, como pela carne marmorizada, aquela com mais gordura intramuscular, que contribui para a maciez e o sabor.

 

Além da China, a indústria brasileira quer avançar sobre outros mercados, como Indonésia, Malásia, Turquia, Iraque e Marrocos. “São mercados que já estão abertos, mas necessitam de um empurrão”, afirma Camardelli, citando o exemplo do Marrocos, com o qual o país tem acordo sanitário, mas falta definir a lista de frigoríficos. Ele destaca ainda a importância do mercado sulcoreano com quem o Brasil não tem acordo para carne in natura, só para a industrializada.

 

Nos países considerados compradores tradicionais, o Brasil procura manter sua competitividade a despeito da valorização do real sobre o dólar. Segundo Camardelli, além de oferecer uma variedade maior de animais, o país avança no quesito qualidade, manutenção da oferta e cumprimento dos prazos de entrega. “Esses fatores foram fundamentais para garantir a elevação da receita em 12% no primeiro quadrimestre deste ano”, diz. Entre janeiro e abril as exportações de carne bovina renderam US$ 1,67 bilhão.

 

O aumento da receita não ocorreu em razão de um crescimento do volume embarcado, mas sim dos preços. O consultor da Scot, Iberville Neto, diz que a média de preço em abril foi de US$ 3,1 mil a tonelada, 33% acima do valor observado no mesmo período de 2010.

 

Apesar de uma retração do volume, o consultor considera bom o cenário de novos mercados para o Brasil. Segundo ele, Uruguai e Argentina competem com o país em alguns mercados, como o europeu, mas não conseguiriam ampliar a produção para fazer frente à crescente demanda asiática, especialmente da China, Japão e Coreia. “Estados Unidos e Austrália, que também são exportadores,
têmque achar umequilíbrio entre a limitação do aumento de produção e a demanda interna”, diz. Neto alerta apenas para, em médio prazo, uma tendência de autossuficiência de alguns importadores, como a Rússia, que tem de ser considerada no planejamento das empresas.

 

Suínos

 

Nos próximos dias, Brasil e China vão fechar os termos do certificado sanitário com os requisitos para o início dos embarques da carne suína nacional. Na última semana, a China autorizou as exportações das unidades da BRF Brasil Foods em Rio Verde (GO), do Mabella, do Grupo Marfrig, em Caxias do Sul (RS) e da Aurora - Cooperativa Central Oeste Catarinense, emSanta Catarina, para o país.

 

De acordo com o presidente da Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (Abipecs), Pedro de Camargo Neto, o próximo mercado a ser assediado é o da Coreia do Sul. “Apesar de a China ter ummercado consumidor maior, ele é menos estável”, diz. “A Coreia é mais constante e está em expansão”.

 

Para as próximas semanas, a Abipecs prepara uma missão ao Japão para esclarecer questões referentes à sanidade, principal entrave para alcançar esse mercado. “Estamos perdendo competitividade por causa do câmbio e precisamos abrir esses mercados”, afirma Camargo.

 


Veículo: Brasil Econômico


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