A saca de milho negociada em Campinas está 64% mais cara do que há um ano. Já o preço da arroba de suíno pago aos produtores teve recuo de 39% no mesmo período.
Só essa já seria um má notícia para os suinocultores, que ainda têm de conviver com o embargo russo e com perspectivas sombrias de produção de milho nos EUA.
O clima não favorece o plantio norte-americano neste ano, o que significa produção menor. Além do maior consumo do cereal para a produção de etanol, os estoques estão no limite do razoável.
O resultado poderá ser nova alta dos preços externos, o que favorecerá as exportações brasileiras. Elas são estimadas em 9,2 milhões de toneladas neste ano, segundo a consultoria Clarivi, ante 10,7 milhões em 2010.
Não bastassem os problemas dos norte-americanos, os produtores de Mato Grosso também têm dificuldades climáticas, e a safra paranaense ainda corre perigo em algumas regiões. Tudo isso pode aquecer ainda mais os preços internos.
Fabiano Coser, diretor-executivo da Associação Brasileira dos Criadores de Suínos, diz que o momento não é bom. "Preocupa o efeito manada, quando todos começam a vender e os preços recuam ainda mais. Mas não há um problema estrutural."
O embargo russo preocupa. Dos 21 frigoríficos habilitados a exportar para aquele país, só sobrou um, diz Pedro Camargo Neto, da Abipecs.
Já o cenário para o preço do milho pode não ser favorável no segundo semestre. Se a diferença entre custo e preço recebido continuar, os criadores menos eficientes saem do mercado, diz Coser.
Para ele, são necessários mecanismos modernos de negociação para o milho, como já há com a soja. Isso permitiria aos usuários se prevenir contra oscilações bruscas de mercado.
Veículo: Folha de S.Paulo