Oferta no mercado interno está superior à demanda, diz a Avimig.
A avicultura mineira está vivendo um momento crítico devido aos preços baixos pagos ao produtor pelo frango vivo. De acordo com o presidente da Associação dos Avicultores de Minas Gerais (Avimig), Antônio Carlos Vasconcelos Costa, os avicultores acumulam prejuízos com a remuneração abaixo do custo de produção. As expectativas, pelos menos para os próximos dois meses, são pessimistas, já que o cenário atual não sinaliza melhora de renda para a atividade. Em maio, foi registrada uma queda de 6% nos preços pagos pela ave viva. No mesmo período o custo de produção ficou em torno de R$ 1,85.
Segundo Vasconcelos Costa, mesmo com o aumento das exportações, a oferta do produto no mercado interno ainda é superior à demanda, o que vem contribuindo para a queda dos preços. Além disso, a desvalorização registrada nos preços das carnes suínas e bovinas também afeta o nível do consumo, o que mantém os preços do produto em baixa.
"A avicultura mineira está em um momento delicado, onde os custos estão em alta, devido aos preços do milho, e os preços pagos aos produtores, em baixa. Caso o cenário se mantenha por mais alguns meses haverá uma redução na produção do Estado", prevê.
Outro problema enfrentado pelo setor é a valorização do milho. De acordo com Vasconcelos Costa, a expectativa dos avicultores era reduzir os custos de produção com o início da colheita de grãos no Estado, o que aumentaria a oferta e reduziria os preços do cereal. Porém, mesmo com o aumento da oferta, a demanda pelo cereal continua em alta, o que sustenta os preços em patamares elevados. Segundo a Scot Consultoria, os preços da saca de 60 quilos de milho estão 53% superiores aos praticados em igual período do ano passado.
"Nossa esperança era que os preços do milho recuassem com a colheita, o que não foi observado. Além disso, o papel do governo de regular os estoques também não foi cumprido. Os leilões realizados pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), que tinham o papel de regular os preços do produto, na prática apresentaram preços elevados, o que não atendeu os avicultores", explica.
De acordo com os dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), em maio o cenário internacional apresentou resultados positivos no aumento do volume embarcado de carne de frango, na valorização dos preços da carne em dólares e em reais. Porém o aumento das exportações não foi suficiente para reduziu a disponibilidade interna, nem mesmo sustentar as cotações do frango negociado no país e em Minas Gerais.
Segundo os pesquisadores do Cepea, em relação à demanda pela carne, a avaliação é de que parte do aumento da demanda que nos meses anteriores foram motivados pelos preços mais baixos do frango estaria migrando para a carne bovina, cujos preços também recuaram.
Embargo russo - As perspectivas para o segmento não são positivas e foram agravadas pela proibição da Rússia à entrada de carnes de frango, suína e bovina dos estados do Rio Grande do Sul, Paraná e Mato Grosso do Sul, sob a alegação de não-cumprimento de exigências sanitárias. A medida deve pressionar ainda mais as cotações internas já que haverá aumento da oferta.
O volume de carne de frango brasileira exportada em maio, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic), aumentou 4,7% em relação a abril, totalizando 303,1 mil toneladas embarcadas. Na comparação de maio com igual mês do ano anterior foi registrado incremento de 4,4%. A receita gerada ficou em torno de R$ 1 bilhão, o que representa um aumento de 10,7% se comparado a abril e de 17,8% em relação a maio de 2010. Os dados de Minas Gerais ainda não foram divulgados, mas a estimativa é de crescimento nos embarques.
De acordo com os dados do Cepea, o preço da carne exportada aumentou 5,7% em relação a abril, com valor médio chegando a R$ 3,32 o quilo em maio. A elevação dos preços no mercado externo e as desvalorizações observadas no mercado interno tornaram as exportações atrativas.
No mercado interno, no acumulado de maio, todas as regiões pesquisadas pelo Cepea apresentaram queda nas cotações da carne. Para o frango inteiro congelado, entre 29 de abril e 31 de maio, a maior queda foi de 17,9%, na região de Chapecó, em Santa Catarina, com negócios na média de R$ 2,80 por quilo no dia 31 de maio. No Sudeste, o quilo do congelado em Pará de Minas, na região Central de Minas Gerais, recuou 11,7%, fechando o período avaliado em R$ 2,67.
Em relação à carne resfriada, a desvalorização mais intensa no mês passado também foi na região de Chapecó, onde a queda chegou a 14,9%; a média na região foi para R$ 2,72 por quilo. Na região de Pará de Minas o preço caiu 12,3%, encerrando o intervalo cotado a R$ 2,64 o quilo.
Veículo: Diário do Comércio - MG