Mercado do boi gordo se mantém em alta

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O período de entressafra da pecuária de corte já está trazendo resultados positivos para os produtores mineiros. A oferta de boi gordo reduzida e a demanda crescente por parte dos frigoríficos têm sustentado os valores pagos no Estado pela arroba. Entre meados de junho e os primeiros 20 dias de julho, a alta acumulada no segmento está próxima a 4%. A tendência é que o mercado se mantenha firme e com preços lucrativos para os pecuaristas até meados de dezembro, período em que a oferta de pastagens começa a ser regularizada.

 

De acordo com o engenheiro agrônomo da Scot Consultoria, empresa especializada em análise para o agronegócio, Alcides Torres, a tendência é que durante o segundo semestre a arroba do boi gordo continue em valorização. O pico de preço esperado para este ano deve ser alcançado entre outubro e dezembro, porém o valor recorde de R$ 120 por arroba, registrado em 2010, não deverá ser novamente registrado. O preço máximo esperado para o período é de R$ 105 a R$ 110 por arroba.

 

"O ano passado foi um período atípico para a pecuária de corte, uma vez que a oferta de boi gordo estava bem inferior à demanda, isto pelo desestímulo do produtor que registrou prejuízos em 2008 e 2009 em função da crise econômica mundial e reduziu os investimentos no confinamento. Para 2011 já temos um número de animais confinado 20% superior ao de 2010. Com isso acreditamos que vão ocorrer novas altas, porém não tão expressivas como a registrada no ano passado", disse Torres.

 

Segundo os dados da Scot Consultoria, a arroba do boi gordo em Minas Gerais apresentou alta em todas as regiões produtoras de 20 junho a 20 de julho. A mais expressiva foi observada na região do Triângulo Mineiro, onde a arroba que era comercializada a R$ 88 em junho já é negociada em torno de R$ 91, alta de 3,6%.

 

Lucro - Também foram observadas variações na região de Belo Horizonte com a arroba sendo vendida a R$ 91 contra R$ 89,5 em junho. Na região Norte e no Sul de Minas a elevação foi de 1,1%, a arroba está avaliada em R$ 90. "O segundo semestre é o período em que o pecuarista consegue obter maior receita com a atividade. Mesmo com os custos elevados em relação à alimentação do rebanho, que responde por cerca de 30% dos custos com o confinamento, a atividade está gerando boa margem de lucro. Geralmente os preços na entressafra, que vai de julho a dezembro, ficam cerca de 10% mais elevados que os praticados entre janeiro e junho", disse Torres.

 

A tendência de alta nos preços do boi gordo também foi observada pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea). De acordo com os pesquisadores, os preços da arroba de boi gordo continuam em alta devido à baixa oferta de animais para abate.

 

Entre 13 e 20 de julho, o Indicador do boi gordo Esalq/BM&FBovespa subiu 1,1%, passando para R$ 100,26 no último dia 20. No acumulado de julho, a alta do Indicador é de 4%. Em São Paulo, a arroba está avaliada a R$ 100, valor bastante aguardado por pecuaristas desde a semana passada. Nestes casos, a valorização pode ser justificada por vários fatores, entre ele estão: a urgência por parte dos frigoríficos para preenchimento de escala, a proximidade dos animais à planta de abate ou ainda pela melhor qualidade dos lotes.

 

Emater - Para o coordenador de Bovinocultura de Corte da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de Minas Gerais (Emater-MG), José Alberto de Ávila Pires, o número de animais confinados no país está em torno de 3 milhões de cabeças. Do total, cerca de 200 mil bovinos de corte estão confinados em Minas Gerais, o que representa 6,7% do total brasileiro.

 

Entre os dias 14 e 20 de julho, os preços da arroba, segundo relatório da Emater-MG se mantiveram estáveis com sinalização de recuperação de R$ 1 por arroba. No Estado, a maioria dos negócios se mantém entre R$ 89,00 e R$ 91,00 por arroba. A cotação mínima registrada no período foi de R$ 88 nas regiões Norte e Noroeste e máximas entre R$ 92 e R$ 93 por arroba no Alto Paranaíba (Patos de Minas) e Triângulo Mineiro (Uberaba e Uberlândia).

 

Os valores menores registrados nos municípios da região Norte e Noroeste são justificados pela seca mais rigorosa que nas demais regiões produtoras. Nestas localidades predomina a criação de gado para a reposição do rebanho, enquanto no Triângulo Mineiro acontece a engorda e abate do animal.

 

De acordo com Ávila Pires, para que o produtor tenha lucro com a atividade é necessário que ele invista cada vez mais na aplicação de tecnologia, na seleção genética, e na gestão dos recursos.

 

Rentabilidade - "Em um período em que os suplementos alimentares estão em alta, o lucro do produtor é obtido através do animal com genética desenvolvida e com uma gestão eficiente dos recursos. Atualmente o pecuarista de alta eficiência consegue em 70 dias ganhar cerca de cinco arrobas por animal, com isso o custo do volume fica em torno de R$ 60. Os preços da arroba girando em torno de R$ 91 já são suficientes para cobrir as despesas e garantir uma boa rentabilidade", disse.

 

Com objetivo de identificar as características e a tendência de desenvolvimento da bovinocultura de corte no Estado, os técnicos da Emater-MG estão em campo pesquisando as unidades de confinamento do Estado. A pesquisa, que terá os resultados divulgados no final de agosto, será utilizada para identificar o perfil dos produtores, os gargalos da atividade e a necessidade de assistência.

 

Um dos resultados preliminares já observados em campo, é que ao contrário do que os técnicos acreditavam a produção de gado de corte ainda tem a participação expressiva de pequenos e médios produtores. Até o momento já foram contabilizados cerca de 55 mil animais confinados, deste total cerca de 49% estão em propriedades de 94 produtores de médio e pequeno porte. Os 51% dos animais restantes são criados por seis pecuaristas de grande porte.

 

Veículo: Diário do Comércio - MG


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