Carne bovina custa menos em açougues

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Supermercados da capital paulista vendem alguns cortes por até 25% mais; açougues cobram mais pelo frango

 

Carnes sobem mais que a inflação, mostra pesquisa; quando preço sobe no campo, repasse ao consumidor é rápido

 

Comprar carne no velho e tradicional açougue ainda é mais vantajoso do que nos supermercados.
Alguns cortes de carne bovina chegam a custar 25% mais nos supermercados do que nos açougues. Já o frango tem preços menores nos supermercados, enquanto a carne suína oscila.

 

Os dados fazem parte de uma pesquisa que busca mostrar os reflexos da alta dos preços do boi, do suíno e do frango nas redes de supermercados e nos açougues. E, consequentemente, no bolso do consumidor.

 

Foram utilizados dados da Informa Economics FNP, assessoria que acompanha o setor de carnes há 21 anos, e da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas).
Os dados mostram que as carnes sobem bem mais do que a inflação e, no período de alta de preços no campo, supermercados e açougues reagem rapidamente, elevando os preços. No período de baixa, o recuo é lento.

 

A pesquisa toma como base a evolução dos preços de janeiro de 2006 a dezembro de 2010 em São Paulo.
Nesse período, as carnes bovinas consideradas menos nobres, como músculo, subiram 89%.

 

As nobres, como picanha e filé-mignon, subiram 134% e 145%, respectivamente. O frango inteiro teve reajuste de 91%. Já a bisteca suína somente acompanhou a inflação, de 25% no período.
A arroba de boi teve reajuste de 103% no campo nesse mesmo período, segundo a Informa Economics.

 

RENDA AJUDA

 

"O preço da carne bovina é superior nos supermercados porque esses estabelecimentos podem ampliar a margem bruta em diversos cortes. Eles têm um público de maior renda", diz José Vicente Ferraz, da Informa.
Os preços médios do filé-mignon foram de R$ 21,76 por quilo em 2010 nos açougues. Já os consumidores que optaram por comprar em supermercados pagaram R$ 27,24.

 

A evolução da economia também é importante na formação dos preços. No período de ganho de renda da população, há maior aceleração nos preços das carnes nobres.
O reajuste da picanha, por exemplo, acompanha de perto a evolução da renda, principalmente nos açougues.

 

A alta chega mais rápida no açougue porque o leque de produtos é menor e se baseia praticamente nas carnes.
Mas o aumento de renda diminui o consumo de carnes menos nobres, como músculo e acém, o que provoca reajustes menores desses cortes.
Ao contrário da carne bovina, a de frango custou 5% menos nos supermercados em 2010 em relação aos valores de venda dos açougues.
Os preços no varejo são influenciados pelos do atacado, o que evidencia a maior força dessa cadeia frigorífica do frango, afirma Ferraz.

 

Os preços do boi, do suíno e do frango são condicionantes para a alta das carnes nos açougues e nos supermercados. O repasse é rápido nos açougues e um pouco mais lento nos supermercados.
O preço recorde da arroba do boi em novembro de 2010 -de R$ 111, em média- foi percebido pelos consumidores no mesmo mês.
A pesquisa, que se refere à cidade de São Paulo, não mostrou dados consistentes sobre a transferência de consumidor da carne bovina para as demais, quando o mercado está em alta, diz Ferraz.

 

Mas pesquisa da Seab (Secretaria da Agricultura e do Abastecimento) do Paraná, indica que, para cada 1% de alta no preço da carne bovina no Estado, há queda de 2,6% no consumo desta em relação à do frango, e de 1,4% ante a suína.

 

Veículo: Folha de S.Paulo


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