A ovinocaprinocultura em Minas Gerais poderá ter um crescimento expressivo nos próximos anos com a regulamentação da produção de derivados. Ainda neste mês deverá ser sancionado pelo governador Antonio Anastasia o projeto de lei "Leite Legal". A expectativa é que a partir da sanção governamental da legislação os produtores do Estado ampliem a criação de cabras e ovelhas, além de diversificar a linha de derivados. No Estado, atualmente, apenas a produção de leite é regulamentada.
De acordo com a presidente da Associação dos Criadores de Caprinos e Ovinos de Minas Gerais (Caprileite/Accomig), Aurora Maria Guimarães Gouveia, o projeto de lei "Leite Legal" foi aprovado na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) em julho e encaminhado ao governador no início deste mês para sanção.
"Acreditamos que quando o projeto for sancionado os criadores mineiros terão mais segurança para produzir derivados do leite. Além disso, a regulamentação é essencial para estimular os investimentos no setor, já que os queijos e iogurtes possuem maior valor agregado, o que gera maior rentabilidade à atividade", disse Aurora.
O projeto estabelece as condições higiênico-sanitárias da produção artesanal do leite de cabra e ovelha, além de seus derivados. Na lei, estão inclusas as normas para manipulação e beneficiamento e registro do produto, a qualificação da mão de obra e qualidade do leite.
Com a sanção do projeto, os planos da Caprileite são investir em campanhas publicitárias para divulgar os benefícios que os produtos proporcionam à saúde. Com a ação, espera-se a ampliação do consumo e também da demanda por parte do setor supermercadista.
"Através da demanda maior e um mercado definido, os produtores terão condições de investir na expansão da atividade. Com a produção em maior volume, é possível reduzir os custos e ampliar os ganhos", observa Aurora.
Promissor - Para Aurora, o mercado tanto para o leite como para os derivados é promissor. De acordo com dados da Caprileite, somente em 2010 foi registrada expansão de 20% no setor, o que deverá se repetir em 2011. O principal impulso foi a edição da Portaria nº 1.059, que legalizou a comercialização do leite de cabras e ovelhas no Estado e incentivou a regularização dos produtores.
De acordo com Aurora Gouveia, a portaria estadual veio para atender à demanda de quase quatro décadas dos pequenos e médios produtores de leite de cabra e ovelha do Estado que mantinham a atividade na ilegalidade.
A falta de regulamentação estadual para o setor impedia o desenvolvimento da atividade. Apesar do crescimento do mercado, principalmente para leite e queijos finos, os criadores de Minas estavam desmotivados em investir, já que a atividade era considerada clandestina.
Com a aprovação do "Leite Legal", a estimativa é que o número de produtores, principalmente de ovelhas, seja significativamente ampliado. Segundo Aurora, a ovinocultura de leite ainda é pouco explorada no Estado. Atualmente estão cadastrados na associação cerca de 500 mil ovinos, porém a grande maioria é voltada para a produção de carne. O número de caprinos alcança 200 mil animais.
A produção de leite no Estado também é crescente e deverá encerrar o ano com incremento próximo a 20%. Por mês são produzidos cerca de 40 mil litros. O valor pago ao criador é superior ao do leite de vaca, variando entre R$ 1,30 e R$ 1,80. O mesmo produto chega ao consumidor em torno de R$ 3.
A produção de derivados de leite de cabras e ovelhas, como os queijos finos, frescal e iogurtes, é mais lucrativa e tem grande demanda, proveniente dos segmentos de gastronomia. O quilo de queijo varia de R$ 25, para os frescos, a R$ 90, nos casos dos produtos finos.
Em Minas Gerais, a criação de caprinos é mais forte na Região Metropolitana de Belo Horizonte e cidadades próximas, com destaque para Contagem, Betim, Divinópolis e Itabirito. Também existem bacias leiteiras em Juiz de Fora, Muriaé e Ubá, na Zona da Mata, além de Poços de Caldas, São Lourenço, Alfenas e São Gonçalo do Sapucaí, no Sul de Minas.
Veículo: Diário do Comércio - MG