Durante o período mais agudo da crise econômica, entre o final de 2007 e 2009, o mercado de carnes foi influenciado pelas condições macroeconômicas mundiais.
Até há pouco tempo, com a aparente melhoria da situação internacional, os fundamentos básicos voltaram a comandar o mercado em termos de formação de preços.
Como muitos entendiam, entretanto, a crise econômica global tem raízes muito mais profundas em desequilíbrios econômicos estruturais que não podem ser superados de forma consistente e duradoura apenas com medidas pontuais.
Nesse contexto, um novo acirramento da crise não pode ser considerado surpresa.
Ocorre que se, de fato, a economia mundial vier a permanecer por um tempo relativamente longo submetida a crescimento fraco, os mercados mundiais de commodities, que incluem o das carnes, sofrerão consequências, passando a ser condicionados, em grande parte, por essa conjuntura econômica.
A lógica que justifica a influência da conjuntura econômica global no mercado de commodities e, consequentemente, no de carnes tem a ver com uma provável contração da demanda internacional devido a uma hipotética desaceleração econômica e de eventuais dificuldades no financiamento do comércio, no caso de uma crise aguda de liquidez.
Ou seja, basicamente, com a contração das exportações, visto que, pelo menos num primeiro momento, o consumo interno pode se manter razoavelmente sustentado.
As exportações brasileiras de carne bovina e suína estão com desempenho relativamente fraco, mas, embora sempre possa haver alguma influência da conjuntura econômica, o que parece estar prejudicando mais fortemente as exportações atualmente é, no caso da carne bovina, o elevado custo da matéria-prima, que retira fortemente a competitividade do produto no mercado internacional.
Já no caso da carne suína, mas não apenas, os problemas decorrentes de barreiras comerciais por alegados problemas sanitários têm também prejudicado sensivelmente a participação do país no mercado internacional.
No caso da carne de frango, os resultados são positivos (quando se analisa o acumulado de 2011 em relação a igual período de 2010), mesmo que, eventualmente, em julho o resultado tenha sido inferior ao de julho de 2010.
Parece claro, portanto, que a situação atual, se não é excelente, está longe de ser totalmente negativa.
Porém, se a conjuntura econômica internacional vier a ter mais peso na formação dos preços no mercado de carnes, será uma mudança que provavelmente trará prejuízos para toda a cadeia de carnes.
Veículo: Folha de S.Paulo