Marfrig estuda comprar parte da BR Foods

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Aquisição envolve ativos da BRF postos à venda por exigência do Cade; "dinheiro não é problema", diz empresa
Empresa é apontada pelo mercado como candidata natural à compra de 40 unidades que serão vendidas

 

Apontada como candidata natural à compra dos ativos da Brasil Foods colocados à venda por determinação do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), a Marfrig Alimentos confirmou ontem que estuda o negócio.
"Estou pensando ainda. Não posso falar a posição da empresa, mas estudamos as unidades", disse Marcos Molina, presidente da Marfrig, dona da marca Seara.

 

Apesar de afirmar desconhecer o valor das unidades colocadas à venda, Molina diz que dinheiro não deve ser obstáculo à aquisição, caso os ativos realmente sejam avaliados como complementares ao seu negócio.
"Se realmente [a operação] fizer sentido e tiver sinergias [ganho de eficiência], arrumar o funding [investimento] não é problema.

 

Tem bastante oferta de bancos para fazer esse funding", afirmou.
Segundo Molina, a crise que atingiu as Bolsas mundiais nas últimas semanas não afetou a liquidez do mercado bancário no país.

 

Ele também destacou que a Marfrig possui um caixa confortável e que a empresa está reduzindo o seu endividamento de curto prazo. Em maio, a empresa captou US$ 750 milhões com a emissão de títulos de dívida.
Para aprovar a fusão entre Sadia e Perdigão, o Cade obrigou a Brasil Foods a vender, a um só grupo, 10 fábricas, 4 abatedouros, 12 granjas, 4 fábricas da ração, 2 incubatórios de aves e 8 centros de distribuição.

 

No mês passado, a BRF, que contratou o BTG Pactual para atuar como intermediário na operação, anunciou os nomes das unidades industriais que serão vendidas no segundo semestre de 2012.

 

Até lá, a Marfrig terá tempo para transformar em resultado suas últimas aquisições. Segundo Molina, a empresa deve se concentrar, neste semestre, em aprimorar as operações de unidades finalizadas na primeira metade do ano.

 

Entre as novas unidades, Molina destaca uma fábrica na China, um centro de distribuição nos EUA, um confinamento no Uruguai e uma fábrica de hambúrgueres na Argentina, além do aumento da capacidade de produção de pratos prontos no Brasil.
Ontem, a Marfrig divulgou prejuízo de R$ 91 milhões no segundo trimestre, revertendo lucro de R$ 104 milhões no mesmo período de 2010. Aumento de despesas, custos e efeitos da variação cambial explicam o resultado.

 

Para reduzir custos diante do elevado grau de ociosidade, a empresa fechou duas unidades de abate de bovinos no segundo trimestre -uma no Rio Grande do Sul e outra em Mato Grosso do Sul.

 

AÇÕES

 

Apesar de ver a empresa que fundou perder um terço de seu valor de mercado na semana passada, Molina afirmou que não perdeu o sono quando as ações da Marfrig recuaram 28% entre segunda e sexta-feira.
"É o que acontece quando se tem uma venda maciça de ações de uma empresa e não há comprador no mercado."
Ontem, as ações da Marfrig fecharam em alta de 6,58%, mas ainda acumulam perda de 39% neste mês.

 

Veículo: Folha de S.Paulo


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