O foco de febre aftosa descoberto no Paraguai pode levar o Ministério da Agricultura a antecipar a segunda etapa de vacinação contra a doença em Mato Grosso do Sul, disse ontem o ministro Mendes Ribeiro Filho, em evento na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).
Inicialmente prevista para novembro, a antecipação da vacinação conta com o apoio do Mato Grosso do Sul, um dos Estados mais vulneráveis por conta da fronteira com o Paraguai. "Fizemos uma reunião geral na fronteira e existe um pensamento de antecipar a vacinação, sim", confirmou ao Valor a diretora-presidente da Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal (Iagro), Maria Cristina Carrijo.
Ontem, o ministro Mendes Ribeiro reconheceu deficiências da fiscalização da fronteira, mas ressaltou que os problemas são mínimos e que o rebanho da região está 100% vacinado. "Temos total controle da situação", disse.
A vacinação total do rebanho no primeiro período é novidade no Estado. "Estamos mais tranquilos por isso", admite a diretora-executiva do Iagro. Normalmente, o primeira etapa de vacinação, que acontece em maio, é destinada apenas aos animais abaixo de dois anos. "Este ano, excepcionalmente, fizemos uma vacinação completa", diz Carrijo. Segundo ela, a vacinação já na primeira etapa deve-se à atualização de cadastros realizada pela Secretaria de Fazenda do Estado. "Nós estávamos fazendo um ajuste, uma equiparação de cadastros da Secretaria de Fazenda com a Secretaria Agricultura e aí optamos pela realização da vacinação completa".
Na manhã de hoje, o Ministério da Agricultura realiza videoconferência com o Estados envolvidos sobre a possibilidade de antecipação da vacinação. De acordo com Maria Cristina Carrijo, uma decisão deve ser tomada ainda nesta terça-feira.
Caso o Brasil decida antecipar o processo, seguirá a posição do governo argentino, que na semana passada anunciou vacinação imediata do rebanho bovino.
O Paraguai iniciou ontem a revacinação do rebanho no distrito de San Pedro, na região central do país, depois de ter concluído o sacrifício de 819 cabeças de gado no último domingo. Com isso, o país espera delimitar o foco da aftosa ao distrito de San Pedro e recuperar o status sanitário de "país livre de aftosa com vacinação", podendo assim reabrir o mercado para suas exportações de carne bovina.
Veículo: Valor Econômico