A Marfrig volta às origens

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O frigorífico dobra a aposta no food service criando a Keystone Foods Latin America, que já nasce com faturamento de R$ 1 bilhão


O empresário Marcos Molina, fundador do frigorífico Marfrig, está de certa forma voltando às origens, ao criar uma nova subsidiária para venda direta a restaurantes e redes de fast-food. Hoje um gigante global de proteína animal, com receita líquida de R$ 15,6 bilhões e mais de 90 mil funcionários em 22 países, o Marfrig surgiu há 25 anos como um distribuidor. Donos de churrascarias em São Paulo ainda se lembram das visitas do simpático ‘Marquinhos’, como é chamado pelos clientes, para negociar o fornecimento de carne importada da Argentina.  Hoje, combinando com o porte do grupo, a aposta no chamado food service acontece em grande estilo. Molina está trazendo para o Brasil a marca da Keystone Foods, mais conhecida como fornecedora global do McDonald’s,  adquirida no ano passado pelo Marfrig,  por US$ 1,26 bilhão.

Inicialmente, a subsidiária Keystone Foods Latin America consolidará as operações de food service do Marfrig e Seara, e já nasce com faturamento de R$ 1 bilhão, quatro mil funcionários e dez mil clientes, entre eles nomes de peso como Pizza Hut, Subway, Burger King e Habib’s.  A empresa terá 18 centros de distribuição e três complexos industriais com capacidade para 200 mil toneladas anuais de produtos processados. “A Seara e o Marfrig tinham duas distribuidoras, dois caminhões fazendo a entrega no mesmo lugar; agora passamos a focar tudo num só canal”, diz Molina. No cardápio para os clientes, cortes especiais de carnes e hambúrgueres, a linha de sobremesas Bassi e produtos complementares, como batatas fritas congeladas, azeites e cortes especiais de pescados. “Queremos facilitar a vida do cliente, para que ele receba grande parte dos produtos de um só fornecedor”, afirma o fundador do Marfrig. 

Depois da unificação, a estratégia é de forte expansão num mercado que cresce a mais de 15% ao ano e movimentou nada menos que R$ 181 bilhões em 2010, servindo 62 milhões de refeições diárias no País. Para comandar a empreitada, Molina contratou Rodrigo Vassimon, que presidiu nos últimos três anos a Unilever Food Solutions na América do Sul. Vassimon tem algumas prioridades para aumentar o número de clientes, em meio a um potencial de um milhão de estabelecimentos em todo o País. A primeira é ampliar a presença no Nordeste, onde as vendas crescem mais rapidamente que em outras regiões. Depois, já pensa em expansão internacional.  “Depois que estabelecermos um modelo único de comercialização, vamos replicá-lo em outros países nos quais o Marfrig já opera, como Argentina, Uruguai e Chile”, afirma o diretor-geral. É nessa fase que fará diferença a experiência em logística, armazenagem e produção da americana Keystone, que tem mais de 35 mil clientes em seu portfólio  e atua em 13 países na América do Norte, Europa, Oriente Médio e Ásia. “Vamos trazer a tecnologia da Keystone para a região”, diz o fundador do Marfrig. 
 
O Marfrig não está sozinho na aposta no food service,  área considerada importante também por concorrentes como  JBS e BRFoods, que já operam com divisões separadas para o segmento. A participação desse canal no total de vendas da indústria alimentícia vem crescendo todos os anos e já chega a 31%, segundo a Associação Brasileira das Indústrias de Alimentação (Abia). Aumentar as vendas diretas faz sentido não apenas por conta do crescimento superior de vendas no food service em relação ao varejo alimentício, mas também pela melhor rentabilidade. Afinal, é nos restaurantes que se consomem os produtos de maior valor agregado, como cortes especiais de carne. Além disso, como lembra o consultor Enzo Donna, da ECD,  suprir diretamente os estabelecimentos que produzem as refeições tem um custo bem mais baixo do que vender aos supermercados, que exigem investimentos em promoção de marca e posicionamento dos produtos. “A margem de lucro é 60% a 70% maior”, diz Donna.

 

Veículo: Revista Isto É Dinheiro


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