O Brasil é o maior exportador e 3º produtor mundial de carne de frango, mas o custo da logística é alto
A União Brasileira de Avicultura (Ubabef) estima que as perdas em gargalos logísticos na avicultura nacional cheguem a quase US$ 1 bilhão por ano. "A previsão de exportações para o ano é de US$ 8 bilhões. Calculamos que hoje temos cerca de US$ 1 bilhão em perdas em gargalos logísticos no país", disse o presidente executivo da Ubabef, Francisco Turra, em coletiva de imprensa realizado ontem em São Paulo.
Para tentar reduzir as perdas em logística do setor, a Ubabef e seus associados desenvolveram, há um ano, um estudo com os principais problemas de logística para a avicultura. O estudo foi transformado em um documento com 63 proposições para superar esses gargalos na infraestrutura, o qual será entregue aos ministros da Agricultura e do Comércio e Desenvolvimento durante o 22º Congresso Brasileiro da Avicultura, que será realizado entre os próximos dias 25 e 27.
"No documento inserimos 23 propostas para melhorias em portos, 15 em ferrovias, 16 em rodovias e nove em racionalização de processos. Nossa meta é uma redução de 2% sobre o custo atual que temos em logística no curto prazo, principalmente com medidas de otimização de processos", explicou Turra. "Estamos fazendo isso para contribuir na competitividade da avicultura nacional e para o governo levantar os recursos necessários para a área", acrescentou.
O Brasil é o maior exportador e terceiro produtor mundial de carne de frango. "Mas não podemos nos acomodar com essa posição. A concorrência no mercado internacional é feroz e irá aumentar ainda mais. Ao mesmo tempo, Estados Unidos, nosso grande concorrente, não têm tantos problemas logísticos", afirmou o diretor financeiro e administrativo da Ubabef, José Perboyre Ferreira Gomes, que também participou do encontro.
Segundo ele, o custo com logística nos Estados Unidos é 10% do Produto Interno Bruto (PIB) da avicultura daquele país. No Brasil, é 20%. No ano passado, o PIB da avicultura brasileira alcançou R$ 36 bilhões.
Propostas - Dentre os gargalos levantados pelo estudo feito pela Ubabef estão a saturação das rodovias nos polos de produção; fraca malha ferroviária; estrutura portuária com capacidade insuficiente e estrutura de processos deficientes. Já em relação às propostas, a Ubabef destacou a necessidade de aumento do calado em alguns portos, além da ampliação de terminais de cargas; expansão de linhas ferroviárias para o escoamento da produção de grãos; revisão de valores de pedágios para transporte de carga em rodovias, entre outros.
"No geral, de toda carga transportada no país, 65% são feitos por rodovias; 19,5%, por ferrovias; 11,4%, pelo sistema aquaviário; 3,4%, por via dutoviária e 0,05%, por meio aéreo. A avicultura segue esse perfil", comentou Ferreira Gomes. Segundo ele, como o transporte de frango tem de ser feito de forma refrigerada, para conservar os produtos, acaba custando até 3,5 vezes mais do que o transporte seco. (AE)
Veículo: Diário do Comércio - MG