Brasil vai ter teto de exportação de carne suína para a Argentina

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Ministro da Agricultura brasileiro anuncia acordo para venda de até 3.000 toneladas por mês


Limite passa a valer em abril; setor foi afetado pelas travas às importações impostas pelo país vizinho

O ministro da Agricultura do Brasil, Jorge Mendes Ribeiro, anunciou ontem um acordo com o governo argentino para limitar em 3.000 toneladas a quantidade de carne suína exportada ao país vizinho.

Mendes Ribeiro encontrou-se com seu par argentino, Norberto Yauhar, para tentar elaborar uma agenda de discussão bilateral e conter a insatisfação da iniciativa privada brasileira em relação às travas de importação impostas pelo governo argentino.

"A situação estava ficando difícil e setores no Brasil já falavam em pedir retaliação da nossa parte. Felizmente a discussão avançou e estou otimista", disse Mendes Ribeiro.

Os importadores argentinos têm reclamado da dificuldade de comprar bens depois que foi estabelecida pelo governo Cristina Kirchner a necessidade de uma declaração jurada aprovada pela Secretaria de Comércio Interior para que produtos entrem no país. Na prática, a medida atrasa - e pode inviabilizar- a entrada de importados.

Muitos itens já estão faltando na Argentina, entre eles componentes para a indústria, alimentos e remédios.

No caso dos suínos, o comércio está paralisado desde fevereiro, quando começaram as restrições, e ainda há mercadoria parada na fronteira.

Pedro Camargo Neto, presidente da Abipecs (Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (Abipecs), que também esteve em Buenos Aires para conversar com importadores, afirma que está desanimado.

"Os importadores estão reclamando sobre as novas medidas e já se nota a falta de muitas coisas."

Camargo Neto diz que os exportadores brasileiros trabalham com um valor acima de 4.000 toneladas por mês. Para ter uma ideia, em novembro, foram 4.086; em dezembro, 4.489; em janeiro, 4.273. Em fevereiro, com as travas, só 478 toneladas.

"Cheguei aqui com 400, estou saindo com 3.000 [toneladas]. Portanto, estou feliz", diz o ministro brasileiro.

MAIS COTAS

Mendes Ribeiro disse que cotas podem ser implementadas também em outros setores -para arroz, trigo e chocolate. Assim, aprovação das compras seria mais rápida.

O acordo passa a valer em abril, mas o ministro não disse se terá de passar, na Argentina, pela aprovação do secretário de Comércio Interior, Guillermo Moreno. Os importadores argentinos temem que Moreno, uma espécie de xerife da regulação das importações, detenha o acordo.

Segundo o ministro brasileiro, a distribuição da cota entre os exportadores brasileiros será definida pelos importadores argentinos.

Ontem, foi divulgado o valor da balança comercial agrícola entre os países. O Brasil exporta US$ 750 milhões, e a Argentina, US$ 4 bilhões.



Veículo: Folha de S.Paulo


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