Mercado de carne suína em retração

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O preço do suíno vivo, no Estado, voltou a recuar nas primeiras semanas de março. Conforme dados da Associação dos Suinocultores de Minas Gerais (Asemg), o quilo do animal vivo está cotado a R$ 2,75, valor que empata ou fica inferior aos custos de produção, dependendo do nível tecnológico utilizado nas granjas suinícolas. A queda foi de 8,3%.

De acordo com o vice-presidente da Asemg, José Arnaldo Cardoso Penna, a redução do preço ao longo das primeiras semanas de março surpreendeu o setor, que acreditava na valorização da carne após o feriado de Carnaval.

A cotação do suíno vivo em Minas encerrou a segunda quinzena de fevereiro com alta de 3,57% frente aos preços praticados nos primeiros 15 dias do mês. No fechamento de fevereiro, o preço ficou em R$ 3. No início de março, a cotação voltou a recuar e os preços caíram para R$ 2,75. A queda é justificada pela redução do consumo.

"Acreditamos em uma ressaca pós-Carnaval. As pessoas investiram no feriado e reduziram o consumo. A queda na cotação da carne suína foi seguida por recuos nos preços das carnes de frango e bovina. Além disso, o período de Quaresma impacta a demanda, uma vez que parte da população deixa de consumir carnes vermelhas", lembra.

A expectativa é de que a demanda pelo produto volte a crescer a partir da primeira semana de abril, quando se encerra a Quaresma. O impacto da queda no consumo na formação dos preços do mercado interno foi minimizado pelo aumento das exportações mineiras do produto.

Segundo dados da Secretaria de Estado da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), no primeiro bimestre de 2012 as vendas externas mineiras de carne suína geraram faturamento de US$ 11,5 milhões, valor que ficou 84% superior ao registrado em igual período do ano anterior. A expansão no volume embarcado foi de 93,4%, com 4,6 mil toneladas destinadas ao exterior.

De acordo com Penna, a abertura do mercado chinês tem sido benéfica para Minas. A tendência é de que os embarques continuem em alta, principalmente com destino a Hong Kong e à Ucrânia, e que nos próximos meses a oferta de carne suína no mercado fique equilibrada com a demanda, o que contribui para a formação de preços favoráveis aos suinocultores.

Segundo o vice-presidente da Asemg, a situação atual dos produtores é desfavorável no que se refere aos custos de produção. A manutenção dos preços altos do milho, que corresponde a 60% dos custos da ração, e da soja tem reduzido ou eliminado a margem de lucro. O preço atual pago pelo quilo do animal vivo, R$ 2,75, está equivalente e em muitos casos inferior aos custos da atividade, que variam entre R$ 2,75 a R$ 3.


Otimismo - "Estamos otimistas em relação ao desenvolvimento da suinocultura mineira ao longo dos próximos meses e acreditamos na recuperação dos preços. Além das exportações crescentes, em abril haverá maior oferta de grãos, principalmente soja e milho, devido ao pico da colheita da safra 2011/12 no Estado, o que proporcionará preços mais favoráveis para a cadeia", diz Penna.

De acordo com o Boletim do Suíno, divulgado pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), em fevereiro o preço pago pelo animal em Minas recuou 2,4% em relação a janeiro. O preço médio praticado foi de R$ 2,82. A maior queda ocorreu na região de Ponte Nova, na Zona da Mata, onde o quilo foi vendido pelo produtor a R$ 2,83, valor 4,8% inferior ao vigente em janeiro.

No Sul de Minas, a queda na cotação, 2,8%, fez com que o preço médio girasse em torno de R$ 2,83. Nas regiões de Patos de Minas e Belo Horizonte também houve desvalorização do produto, com retração de 1,3% e 1,2%, respectivamente.



Veículo: Diário do Comércio - MG


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