Após sofrer duras críticas de associações de processadores de carnes pela perda de mercados no exterior e dificuldades de exportação para parceiros tradicionais, como Rússia, EUA e Europa, o ministro da Agricultura, Mendes Ribeiro, tenta abrir mercados e expandir os atuais destinos para os produtos do país. Por ano, as perdas do complexo brasileiro de carnes com os embargos mundo afora superam US$ 2 bilhões.
Com a demora em concluir esses processos e levar os embarques a níveis mais elevados em mercados de boa demanda, como Rússia e União Europeia, o ministro concentra esforços para elevar vendas para China, Japão, Argentina e até Albânia.
Em fevereiro, Mendes anunciou, após visita técnica chinesa, que o país mais populoso do mundo deve autorizar, ainda em 2012, embarques de até 16 unidades produtoras de bovinos, além de mais 47 plantas de aves. O comércio de carne bovina com o país asiático quase dobrou em valor exportado de 2010 para 2011 - de US$ 4,9 milhões para US$ 9,7 milhões. O mercado de suínos na China sofreu um duro golpe, encolhendo 44%. Em aves, entretanto, cresceu 92%.
Nesta semana e na próxima, outra missão técnica chinesa está no Brasil visitando frigoríficos. No mercado de aves, visitará 15 das 47 plantas indicadas pelo governo. Em suínos, serão três das dez indicadas. Nos dois casos, segundo fonte do ministério, a China pode escolher se habilita só as visitadas ou todas as indicadas.
Considerado estratégico, outro mercado que o governo tenta ampliar é o argentino. No início de março, Mendes foi ao vizinho tentar elevar o comércio de carne suína e pediu a compra de 3 mil a 3,5 mil toneladas dessa carne por mês. Até agora, os argentinos não deram sinal verde. Amanhã, o diretor de Assuntos Comerciais, Benedito Rosa, viaja a Buenos Aires para insistir no pedido.
Hoje, Mendes Ribeiro chega à Rússia com a missão de suavizar o duro embargo à carne brasileira, iniciado em 15 de junho de 2011. Apenas três frigoríficos estão autorizados a exportar carne suína. O ministro busca liberar, de imediato, outras três plantas. Ao todo, 17 unidades estão habilitadas, mas atualmente não podem vender em razão do status "controle reforçado". Principal mercado de suínos do Brasil, com compras superiores a US$ 640 milhões em 2010, a Rússia se fechou e em 2011 comprou 39% menos do que em 2010 - ou US$ 388 milhões.
Embora a UE tenha modificado, em janeiro de 2012, a chamada Diretiva nº 61, em vigor desde 2008, o Brasil só tem 2 mil fazendas autorizadas e credenciadas a exportar ao bloco. Há, nessas propriedades, rebanho total de 4,3 milhões de cabeças de gado. Depois de negociar com os europeus neste ano, o governo agora quer usar as fazendas habilitadas pelo sistema de rastreamento (Sisbov) para elevar o universo potencial exportador a 29 mil propriedades, e 26 milhões de animais. A diretiva surgiu após a descoberta de casos de aftosa em Mato Grosso do Sul e no Paraná, no fim de 2005. Essa norma reduziu em 77% as vendas de carne aos europeus desde 2007, último ano de comércio normal entre os parceiros.
Outro mercado vital é o Japão, maior importador de carne suína do mundo e país com o qual há negociações em curso nesta frente. "Eles estiveram aqui no primeiro semestre do ano passado e a resposta deve sair em breve", diz o diretor de Negociações Sanitárias e Fitossanitárias do ministério, Lino Colsera.
Veículo: Valor Econômico