Os suinocultores mineiros têm descartado cada vez maior volume de animais vivos para abate
O aumento da oferta de carnes no mercado e a demanda menor contribuíram para que os preços pagos pelo quilo de suíno vivo em Minas Gerais recuassem 13% entre 29 de fevereiro até 23 de março. Com a nova redução, a situação dos suinocultores se torna mais desfavorável, uma vez que os custos de produção continuam em alta.
Segundo os pesquisadores do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), na média estadual, o quilo do suíno vivo encerrou o dia 23 de março cotado a R$ 2,45, o valor está 13% inferior ao registrado em 29 de fevereiro, que era de R$ 2,83. Na comparação com a segunda semana de março, a queda foi de 6%. A redução se deve a maior oferta de carnes suína, bovina e de frango no mercado, o que contribuiu para a redução de preços no mercado.
Além de Minas Gerais, de acordo com os dados do Cepea, as cotações do suíno vivo e das demais carnes seguem em retração em todo o país, com as médias de todas as regiões consultadas pelo Cepea acumulando baixa em março. Os valores atuais são os menores observados desde setembro de 2011. A redução do preço ao longo de março surpreendeu o setor, que esperava aumento da demanda e valorização da carne após o período de férias e o Carnaval.
Segundo técnicos do Cepea, as recentes quedas se devem ao ritmo mais fraco da demanda no mercado doméstico, o que pode estar atrelado às baixas também da carne bovina. Já a carne de frango, mais barata, tem se sustentado mais que as concorrentes em março.
Outro fator que poderá justificar a queda, observada ao longo de março, é o ritmo mais lento das exportações de carne suína. Segundo o Cepea, exportadores consultados pela entidade relataram que os embarques estariam em ritmo mais lento.
Descarte - Segundo os dados da consultoria Safras & Mercados, o recuo nos preços da carne suína também é justificado por uma produção elevada, que foi incentivada pela expectativa de incremento nas vendas voltadas para os mercados chinês e dos Estados Unidos. As negociações estão evoluindo, mas não tão rapidamente a ponto de trazer resultados imediatos.
Além disso, os suinocultores têm descartado maior volume de animais vivos para abate, o que pode estar relacionado ao elevado preço dos insumos e também ao receio de que a desvalorização do produto aumente. "Na terceira semana de março tivemos um enfraquecimento significativo dos preços, o que foi observado também para as carnes de frango e bovina", disse o analista de Safras & Mercado, Felipe Netto.
A tendência é que os preços continuem em queda no decorrer da atual semana. Isso devido à demanda mais fraca no período. Em relação aos custos, a expectativa é que as cotações do milho comecem a ceder um pouco devido ao incremento no ritmo da colheita da safra de grãos.
A redução dos preços do milho e da soja será fundamental para reduzir os custos de produção dos suinocultores em um momento de queda de preços. Os custos com alimentação do plantel respondem por cerca de 60% dos gastos totais. Os custos com o quilo do animal vivo variam entre R$ 2,75 e R$ 3, dependendo da tecnologia aplicada.
A análise de preços de Safras & Mercado indicou algumas alterações de preço nesta semana em relação à anterior. Em Minas Gerais o quilo do suíno vivo foi vendido a R$ 2,60, contra R$ 2,75 da semana passada.
Veículo: Diário do Comércio - MG