O consumidor que quiser pagar menos pelo bacalhau terá que bater perna nos supermercados. A equipe do Diário percorreu oito estabelecimentos da região e constatou diferença de até 54% no preço do quilo do bacalhau Porto - R$ 25,90 foi o menor valor encontrado e R$ 39,90 o maior. No caso do Saithe, a variação chegou a 47%. Isso significa que se não pesquisar, o consumidor pode desembolsar entre R$ 16,90 a R$ 24,95 por quilo do mesmo produto. Quem optar pelo Ling também encontrará a diferença expressiva de 44% nos preços, sendo R$ 22,90 o mais barato e R$ 32,90 o mais caro.
Nem todas as opções de peixes estavam à disposição dos clientes. A modalidade Saith foi encontrada em apenas cinco dos oito estabelecimentos e a Ling em apenas três. O Zarbo estava na gôndola de apenas um supermercado pesquisado.
REAJUSTE - O departamento de economia da Apas (Associação Paulista de Supermercados) alerta que conforme a data comemorativa se aproxima, os preços são reajustados para cima. Mas neste ano, a tendência é que o aumento chegue a 3%, enquanto nos anos anteriores foi de 5,5%. Em fevereiro, os valores dos pescados registraram recuo de 0,35%.
Questionada sobre os preços do bacalhau, o Grupo Pão de Açúcar informou que não haveria reajustes em relação a 2011, entretanto, a equipe do Diário encontrou a variedade Saithe a partir de R$ 18,90 o quilo, enquanto no ano passado o preço era a partir de R$ 16. No Walmart, o preço do Zarbo é R$ 19,98, mas a rede não informou qual a variação nos valores frente a 2011.
No sacolão da Craisa (Companhia Regional de Abastecimento Integrado de Santo André), a peixaria tem bacalhau do Porto vendido R$ 39,80 o quilo é o mesmo preço praticado no ano passado. A equipe do Diário constatou que o valor dos peixes não sofreu variação frente a 2011, com a curvina vendida por R$ 13,90 o quilo e a tainha, por R$ 17.
CONSUMIDOR - A empresária Teresinha de Oliveira, 62 anos, já sabe o que fazer para pagar menos no peixe que será consumido na Páscoa. Ela comprou o filé de bacalhau por R$ 19,90 o quilo. "É gostoso e mais barato, mas vou consumir antes da data. Se o preço for mantido, vou comprar uns três para a Semana Santa também", disse. Teresinha contou a receita que está acostumada a preparar no dia da Páscoa e que a família toda adora. "Coloco cebola, tomate, batata, pimentão e o bacalhau em uma panela. Faço camadas desses ingredientes e depois acrescento bastante azeite. Tampo e mantenho no forno baixo por 30 minutos. É só comer", ensinou.
Para incentivar o consumidor a antecipar a compra do bacalhau, os estabelecimentos da bandeira Extra realizam hoje ação promocional. A cada dois quilos da variedade Porto, o consumidor terá desconto de 40% na compra de assadeira de marca determinada pela rede. Se o tipo escolhido for Ling, o cliente levará um quilo de batata bolinha.
Impostos representam até 43% do valor do peixe
O principal alimento presente nas refeições pascais, o bacalhau importado, tem 43,78% do seu preço formado por impostos. Estudo do IBPT (Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário) mostra que o produto está entre os que têm maior percentual de tributos, perdendo somente para o vinho, com 54,73%. O peixe, alimento que o governo tenta incentivar o consumo, tem 34,48% de impostos na sua composição. Entretanto, a alíquota para a carne vermelha, considerada menos saudável, é de 17%.
COMO ESCOLHER - As diferenças entre os tipos de bacalhau não são muito conhecidas pelos consumidores. Cada uma das variedades é recomendada para determinadas receitas.
O Porto Cod Gadus Morhua é o mais nobre, com postas altas, largas, coloração palha e uniforme quando salgado e seco. Após ser cozido, a carne se desfaz em lascas claras e tenras. A diferença do Cod Gadus Macrocephalus é a coloração levemente mais branca. Esse não se desfaz facilmente em lascas e pode ser usado como recheio de tortas. Já o Saithe tem sabor forte. Macio, é indicado para saladas, risotos e bolinhos. O Zarbo possui textura mais firme e clara. É recomendado para receitas com desfiados, caldos, pirões e bolinhos. O Ling tem a melhor carne para fazer bolinhos, refogados e grelhados.
O gerente de restaurante Giovani Pellegrino, 29 anos, que todos os anos prepara a bacalhoada em casa, diz que a melhor forma de escolher o peixe é analisando o tamanho da espessura. "Não olho a marca, mas geralmente os que custam entre R$ 25 e R$ 30 têm mais qualidade", diz.
Veículo: Diário do Grande ABC - SP