JBS começa a pagar produtores da Doux

Leia em 3min 40s

Os cerca de 1,5 mil criadores de aves integrados da Doux Frangosul vão começar a receber na próxima sexta-feira o pagamento de R$ 33,27 milhões em dívidas da empresa referente a lotes de animais entregues. A decisão foi acertada ontem em Montenegro, durante reunião de dirigentes da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Rio Grande do Sul (Fetag-RS) com representantes do grupo JBS Friboi, que na sexta-feira passada anunciou o arrendamento das plantas da multinacional francesa no País.

Conforme divulgado pela JBS, os pagamentos serão realizados em três vezes iguais. Os depósitos serão feitos separadamente no 11º dia de maio, junho e julho. Os atrasos aos integrados datavam de agosto de 2011. Em contrapartida, segundo o presidente da Fetag, Elton Weber, os integrados deverão reiniciar a partir de quinta-feira, dia 10, o alojamento de animais, que estava suspenso desde abril.

A retomada obedecerá a um calendário que será definido pela empresa, levando em consideração os núcleos de produtores. “Em 40 dias devemos ter todos os alojamentos concluídos”, declarou.

Já os pagamentos de novos lotes a serem alojados obedecerão ao calendário previsto no contrato firmado entre produtor e empresa, ou seja, 30 dias após o carregamento das aves na propriedade do integrado. Por enquanto, os contratos firmados entre criador e Doux Frangosul permanecem válidos, sendo que a empresa JBS assume todas as cláusulas e condições previstas no mesmo.

Os produtores que ingressaram na Justiça com ações de cobrança de valores devidos pela Doux poderão ser incluídos no calendário de pagamento proposto pela JBS, desde que optem pela retirada da ação judicial. “Caso queiram permanecer produzindo para a empresa, não sofrerão qualquer tipo de restrição ou penalidade”, disse Weber.

Para o presidente da Fetag, o resultado da reunião foi satisfatório, mas a entidade e os produtores continuarão acompanhando o cumprimento das medidas anunciadas. Uma nova reunião com a JBS deve acontecer no final do mês para avaliar o andamento do cronograma. Outros encontros devem ser realizados em breve para discutir as dívidas com os fornecedores da Doux Frangosul.

No total, o passivo da empresa é avaliado em R$ 100 milhões, somando débitos com criadores de aves, prestadores de serviços e encargos trabalhistas. Em relação aos produtores de suínos, que abastecem a unidade de Ana Rech, em Caxias do Sul, atualmente operada pela Brasil Foods (BRF), o pagamento dos lotes foi saldado em 30 de março.
Acordo entre as empresas foi bem recebido pelo setor avícola

O anúncio do arrendamento das operações da Doux Frangosul pelo grupo JBS Friboi foi recebido com otimismo por entidades ligadas ao setor avícola. Segundo José Eduardo dos Santos, diretor-executivo da Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav), a medida adotada foi a saída mais correta para evitar danos sociais e econômicos aos produtores. “É uma medida que cria novas perspectivas, pois com a indefinição que pairava nos últimos tempos estava surgindo um clima de dúvidas que afetava o mercado como um todo”, declarou.

Para o presidente-executivo da União Brasileira de Avicultura (Ubabef), Francisco Turra, a solução do arrendamento foi a mais lógica possível, uma vez que seria difícil para as empresas viabilizarem uma operação de compra e venda em curto espaço de tempo. “Existem muitos problemas burocráticos a ser vencidos para efetuar uma venda, especialmente questões internacionais, uma vez que a Doux é uma multinacional, mas era preciso uma solução rápida para que não fossem perdidos os integrados.”

O negócio realizado pelas empresas prevê um prazo de dez anos para a confirmação da opção de compra dos ativos da Doux Frangosul pelo grupo JBS Friboi. No entanto, Turra acredita que essa operação se realizará em um prazo mais curto. “A venda deve se consolidar em até um ano. O que atrasa são as dívidas e as questões burocráticas internacionais, mas isso pode ser apressado.”

Para abrigar os ativos da Doux Frangosul, a JBS criará uma divisão de negócios chamada JBS Aves Brasil, que terá como presidente e CEO o irlandês James Cleary. O objetivo do grupo é retomar todos os alojamentos até o dia 20 de junho, possibilitando 840 mil abates diários, com expectativa de atingir em setembro o teto da capacidade das unidades, que é de um milhão de aves por dia. No total, a JBS planeja investir R$ 300 milhões até o final do ano para normalizar as atividades.


Veículo: Jornal do Comércio - RS


Veja também

Cotação do grão em alta pressiona a suinocultura

Setor sofre concorrência de carnes de frango e bovina.A redução dos preços das carnes bovina ...

Veja mais
Líder em carne bovina, JBS entra no mercado de frango

Empresa assume a Frangosul e gera expectativa de nova onda de comprasCom controle francês, empresa passava por pro...

Veja mais
Carne seca no menu mundial

Charque, carne de sol, jerked beef... enquanto o Brasil se prepara para os grandes eventos que vem por aí, como a...

Veja mais
BRF monta estratégia para manter a Perdigão

A Brasil Foods vai tentar reforçar o nome Perdigão nos mercados em que a marca foi autorizada a operar, di...

Veja mais
Suíno: Argentina avalia cota

Reunião entre representantes da indústria frigorífica e do governo da Argentina terminou na sexta-f...

Veja mais
Análise da troca de ativos entre BRF e Marfrig está na reta final

Apesar de ter vetado - em novembro do ano passado - a intenção de compra das operações de su...

Veja mais
Setor de carne bovina cresce e conquista novos mercados

O Brasil tem quase 210 milhões de cabeças de gado, em mais de 200 milhões de hectares de pasto. Em...

Veja mais
'Vaca louca' gera primeira trava oficial à carne bovina dos EUA

Os Estados Unidos tiveram ontem a primeira restrição às suas exportações de carne bov...

Veja mais
Korin Alimentos investe na produção extensiva de suínos

A Korin Alimentos e o grupo JD, proprietário de uma fazenda de pecuária extensiva no Mato Grosso, firmaram...

Veja mais