Carne seca no menu mundial

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Charque, carne de sol, jerked beef... enquanto o Brasil se prepara para os grandes eventos que vem por aí, como a Copa do Mundo de Futebol de 2014 e a Olimpíada no Rio de Janeiro em 2016, um setor inusitado – o de carne seca –  também planeja tirar sua lasquinha das oportunidades que ambos começam a trazer. E não é por menos: de acordo com a Associação Nacional das Indústrias de Carne Seca (Anics), o setor estima crescer em torno de 5% ao ano nos próximos cinco anos, puxado principalmente pela visita de cerca de 600 mil turistas estrangeiros que o Brasil deve atrair para os eventos.


E há fôlego para isso: segundo a entidade, em termos de volume, seus 20 produtores associados, concentrados em São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, respondem por 75% do mercado nacional. Eles comercializam em torno de 30 mil toneladas de carne seca por mês. Na média anual, a produção beira entre 350 mil e 450 mil toneladas. "E esse número pode ser ainda maior, se considerarmos produtores de pequeno porte ou informais", explicou o presidente da associação, Rodrigo Vogel.


E nada de associar a guloseima à produção artesanal, de consumo restrito aos pequenos comércios populares e com status de ser apenas um dos itens coadjuvantes da feijoada. O fortalecimento da profissionalização do setor, segundo a Anics – que aconteceu há dois anos, com sua fundação –, tem como objetivo não só desenvolver a produção local da carne seca, mas principalmente estimular o consumo, tanto em âmbito regional como internacional. No caso desse último, com aquela "ajudinha" dos eventos futuros.


Hoje, segundo o presidente, 95% da produção é destinada ao consumo interno. Já as exportações são consideradas embrionárias: o principal mercado consumidor é a África, que importa, em média, 1 mil toneladas de carne seca por mês, além de algumas regiões da América Central. "Fora do Brasil, poucos conhecem. Os grandes eventos darão bastante visibilidade ao País. Por isso, acreditamos que o consumo do produto cresça em razão dos turistas – como aconteceu com a caipirinha", aposta.

 
Quatro cantos – A difusão da carne seca entre os chefs de cozinha como ingrediente culinário, assim como o aumento da renda – principalmente na classe C – são alguns dos fatores que rendem boas perspectivas para o setor, segundo Rodrigo Vogel. Mesmo com plano de marketing ainda em desenvolvimento, a Anics já inicia parcerias com faculdades e cursos técnicos de gastronomia, além de revistas especializadas, para divulgar tanto o produto como pratos à base de carne seca. A entidade planeja até fazer eventos de degustação em mercados municipais, por exemplo, para estimular mais o seu consumo.


E, para mostrar aos estrangeiros o sabor e a versatilidade do produto, a Anics criou até  campanha para a internet, Sabor bem Brasil, que levará informações nutricionais, dicas de consumo e receitas para o consumidor via Twitter, Facebook e Orkut, entre outras redes sociais. Segundo Vogel, turismo e gastronomia são inseparáveis. "Por isso, a tarefa de levar a carne seca, um produto tipicamente brasileiro, a todos os cantos do mundo", disse.


Jerked beef x carne seca: você sabe a diferença?


Quem responde a pergunta é a Associação Nacional das Indústrias de Carne Seca (Anics). De acordo com a Anics, ao contrário do que muitas pessoas pensam, a carne seca, carne de sol ou de charque, não é feita com restos de carne bovina, mas sim com a ponta de agulha. O corte bovino tem sabor da costela do boi, e é apreciado principalmente pelos nordestinos do Brasil, pela sua famosa gordurinha. A carne é salgada, sendo que a seca e a de charque recebem mais sal que a de sol, e depois colocada para secar em local coberto e ventilado.


Já o chamado jerked beef é basicamente igual à carne seca nas fases de salga e secagem – inclusive na tradução do nome. A diferença essencial, porém, é que se incorpora nitrito de sódio à salmoura para auxiliar na conservação, além de atuar como bactericida e antioxidante.
 

Em ambos os casos, produzidos conforme a legislação sanitária vigente, a quantidade de água deve ser suficientemente baixa para inibir a proliferação de bactérias.
 

Veículo: Diário do Comércio - SP


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