Estados Unidos anunciam vaca louca e Brasil pode ser favorecido

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Com o quarto caso da doença, norte-americanos podem perder receitas com as exportações

Tendência é que o preço da carne tenha aumento no mercado externo, favorecendo as vendas brasileiras

Os Estados Unidos registraram mais um caso de vaca louca. O quarto no país e o primeiro desde 2006. Desta vez, a doença ocorreu em um rebanho de vacas leiteiras na Califórnia, tradicional Estado produtor de leite.

A doença reaparece no momento em que os EUA voltavam com força ao cenário internacional de carne.

Os efeitos desse ressurgimento da doença ainda não são claros. José Vicente Ferraz, diretor técnico da Informa Economics FNP, diz que certamente eles seriam maiores se a doença tivesse ocorrido no Brasil. A pressão do mercado externo seria bem maior, diz.

"O preço da carne deverá subir no mercado internacional e essa alta beneficiará os exportadores, entre eles o Brasil", diz Ferraz.

Para ele, Japão e Coreia do Sul, tradicionais importadores dos EUA, e que pagam preços melhores, devem buscar o produto na Austrália. Com isso, os australianos deixarão lugar para o Brasil.

Com os preços internacionais subindo, o Brasil terá mais receitas, mas pode não elevar o volume exportado.

Jeremiah O'Callaghan, diretor de relações com o investidor do JBS, diz que essa nova ocorrência é um caso isolado e ocorre em um Estado que não tem importância na produção de carne.

Ele não acredita que Japão e Coreia do Sul fecharão seus mercados para os EUA. Na avaliação dele, esse caso não trará grandes mudanças no mercado brasileiro. Tampouco no norte-americano, já que México e Canadá são importadores dos EUA e manterão as importações.

Se houver reação negativa do mercado, O'Callaghan lembra que o JBS será pouco afetado. Além de estar posicionado nos principais mercados mundiais, a empresa é a segunda maior produtora de carne de frango nos EUA. Se houver reação, o frango seria uma das saídas.

"No caso do JBS, estamos muito confortáveis. O desempenho e a margem das empresas [nos EUA] não serão afetados, mas sim o preço do boi", afirma.

LADO EMOCIONAL

Outro grande frigorífico brasileiro considera que, neste momento, deve prevalecer mais o lado emocional do que o prático. Ou seja, não haverá reflexos para a cadeia da carne. Um país ou outro pode ficar mais sensível, mas a maneira como o caso da doença está sendo apurado deixa o mercado tranquilo.

Para Luciano Vacari, da Acrimat (associação de produtores), uma eventual participação maior do Brasil no mercado externo trará sustentação aos preços do boi.

O reflexo do caso da doença de 2004 nos EUA fez as receitas do ano caírem para US$ 631 milhões. Em 2011, superaram US$ 4 bilhões.



Veículo: Folha de S.Paulo


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