Acordo com Argentina na carne suína segue travado

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Anunciado há um mês, o acordo que permitirá a retomada das exportações brasileiras de carne suína para a Argentina ainda terá novos capítulos na próxima semana, contrariando a promessa feita na última terça-feira pelo ministro da Agricultura argentino, Norberto Yauhar, de que o acerto para os embarques de uma cota mensal da ordem de 3 mil toneladas entraria em vigor ontem.

Em reunião realizada ontem em Buenos Aires, o ministro Yauhar afirmou ao embaixador do Brasil na Argentina, Enio Cordeiro, que se reunirá nesta sexta-feira com os importadores de suínos de seu país para esclarecer os detalhes do acordo e finalmente liberar as compras de carne suína do Brasil. O Valor apurou, contudo, que até a noite de ontem os importadores não foram convidados para a reunião, o que deve atrasar ainda mais a efetivação do acordo.

Ainda que o encontro marcado para hoje com os importadores ocorra, o governo brasileiro já considerava difícil que a efetiva retomada das exportações acontecesse, visto que o possível encontro com os importadores não contará com a presença do secretário de Comércio Interior da Argentina, Guillermo Moreno, titular da Pasta responsável pela restrição e, portanto, o único habilitado a fazer valer o acordo, conforme afirmou ao Valor uma fonte bem informada sobre as negociações.

A resistência de Moreno é o principal entrave ao acordo, anunciado em março pelo ministro da Agricultura brasileiro, Mendes Ribeiro, e por seu colega argentino Yauhar. Conforme já informou o Valor, o secretário argentino deseja permitir apenas as compras de carne suína para a produção de embutidos de baixo custo - o que, na prática, inviabilizaria o acordo costurado pelos ministros, que prevê a retomada das exportações brasileiras de carne suína in natura.

Desde fevereiro, quando a Argentina criou uma declaração juramentada a ser apresentada pelos importadores, as exportações brasileiras de carne suína despencaram de uma média mensal de 3,5 mil toneladas para cerca de 500 toneladas. Até então, a Argentina era o quarto principal destino das exportações de carne suína do Brasil.

Diante das dificuldades e da lentidão das autoridades argentinas, o ministro Mendes Ribeiro disse ontem que o Brasil poderá retaliar produtos provenientes da Argentina caso o país não honre o acordo anunciado em março. "Nossa carne precisa ser liberada, senão vamos dificultar a entrada de produtos argentinos e não será bom para ninguém. Não é isso que a presidenta Dilma quer, mas queremos nosso comércio restabelecido", disse Mendes Ribeiro, no programa de rádio "Bom dia, Ministro".

Apesar do tom duro, o acordo não deve ter um desfecho positivo ao menos até a próxima sexta-feira, quando está agendada uma reunião entre os importadores argentinos e o secretário Moreno.


Veículo: Valor Econômico


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