Com apetite aguçado para expandir suas operações, a JBS acaba de concluir a compra de mais dois frigoríficos de carne bovina de pequeno porte no Norte do país e continua interessada nos ativos da francesa Doux, dona da Frangosul, no Rio Grande do Sul, avaliados em cerca de R$ 2 bilhões.
A companhia submeteu ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), no início de abril, as duas recentes aquisições no segmento de bovinos. Procurada, a empresa confirmou os negócios, mas não detalhou as operações. Sobre as negociações com a Doux, preferiu não comentar.
O Valor apurou que as duas transações no Norte somam R$ 3 milhões. Uma das unidades adquiridas está na cidade de Ariquemes, em Rondônia, e pertencia à MJE. A outra planta fica em Rio Branco, no Acre, e era controlada pela Jema. Com essas duas operações, o frigorífico eleva para sete as operações envolvendo compra ou arrendamento de unidades de carne bovina no país neste ano. Os dois frigoríficos recém-adquiridos têm capacidade conjunta de abate de 900 cabeças por dia.
No caso da unidade do Rio Branco, a companhia apenas substitui capacidade de abate, uma vez que mantinha na mesma região um contrato de arrendamento que não foi renovado. Com a planta de Ariquemes, a JBS agregará volume em Rondônia.
Antes desses dois negócios, o grupo de proteínas animais, cujo faturamento superou R$ 60 bilhões em 2011, já havia arrendado outros cinco frigoríficos, num movimento que ampliou sua capacidade diária de abate no país, antes estimada em 30,7 mil cabeças, em cerca de 10%.
Em fevereiro, a companhia arrendou quatro frigoríficos do grupo Guaporé Carne - três deles em Mato Grosso e um em Rondônia -, com capacidade de abate total de 3.050 cabeças por dia. No mês seguinte, acertou junto ao River Alimentos o arrendamento de um frigorífico em Coxim, em Mato Grosso do Sul, com capacidade total de abates de 450 cabeças por dia.
Paralelamente, a companhia também continua a analisar os ativos da Doux, segundo já informou o Valor. A empresa assinou um contrato de exclusividade para analisar os ativos, mas isso não significa que a compra será efetivada, uma vez que as elevadas dívidas da múlti francesa no país, da ordem de R$ 600 milhões, teriam de ser equacionadas antes do fechamento de um eventual acordo.
Mas a assinatura desse contrato já afugentou potenciais interessados nos ativos dos franceses no país. Um deles é a Marfrig, que tinha a intenção de arrendar a planta de suínos da Doux em Caxias do Sul. O Valor apurou que as negociações entre JBS e Doux haviam esfriado, mas que nos últimos dias voltaram a esquentar.
Veículo: Valor Econômico