Em março, as exportações brasileiras de carne de frango (inteiro e cortes) registraram o recorde histórico em volume, ao atingir 335,9 mil toneladas e gerar a receita cambial, ainda que não recorde, de US$ 634,9 milhões.
Nos últimos 12 meses (abril de 2011 a março de 2012), as exportações acumularam volume embarcado superior a 3,6 milhões de toneladas, outro recorde, e receita superior a US$ 7 bilhões.
Os números chamam a atenção no momento em que vários setores industriais reivindicam medidas de proteção contra a invasão de produtos importados, pois não conseguem competir nem mesmo no mercado local.
Seguramente, muitos dos fatores que comprometem a competitividade dos produtos industriais brasileiros também afetam negativamente os produtos do agronegócio e suas exportações, como as de carne de frango, o que permite deduzir que os resultados alcançados poderiam ser ainda melhores.
A eficácia da cadeia produtiva da carne de frango aliada a vantagens comparativas decorrentes de fatores naturais têm garantido as marcas atingidas -e os respectivos volumes recordes.
É preciso, entretanto, ficar atento a concorrentes no mercado internacional que buscam mais competitividade e podem reduzir ou eliminar as atuais desvantagens.
Portanto, se o país não for capaz de reduzir ineficiências -em alguns casos, crônicas-, é possível que corra riscos mesmo num mercado em que hoje tem boa vantagem.
Um exemplo é a infraestrutura logística, que se expande muito lentamente. Há décadas são reivindicadas ações que efetivamente encaminhem soluções à questão, mas o que se observa é um agravamento do problema, com o crescimento da produção e a incorporação de novas regiões produtivas.
Medidas estruturais não oferecem resultado de curto prazo, o que em parte justifica ações emergenciais em setores econômicos ameaçados pela competição externa, tais como alívios pontuais de carga tributária, redução do custo financeiro, intervenção no câmbio e estabelecimento de barreiras à importação.
Ações desse tipo podem trazer algum alívio, mas carregam com elas efeitos não desejáveis, como a criação de exceções e o acréscimo de custos extras. Podem ainda gerar desequilíbrios, como os decorrentes de intervenção no mercado, e retaliações.
Medidas mais estruturais, que exigem planejamento e execução eficaz, trazem benefícios reais à competitividade de todos os setores econômicos, são mais duradouras e não provocam desequilíbrios. Encarar essa necessidade é algo urgente.
Veículo: Folha de S.Paulo