O ex-sócio da Frangobrás Reinaldo Morais anunciou investimentos de R$ 800 milhões para criar um grupo nacional de produção de frangos, suínos e peixes, voltado a exportações e com meta de faturar R$ 3,5 bilhões em 2017. O projeto inclui a abertura de abatedouros nas Regiões Norte, Nordeste e Centro-oeste do Brasil, além do complexo industrial BR Frango, que foi inaugurado ontem em Santo Inácio, no Paraná.
O empresário falou sobre seus planos durante o evento nas instalações do BR Frango, um conjunto de frigorífico e fábrica de rações que custou R$ 120 milhões. Mais tarde, ao DCI, disse que pretende posicionar a companhia entre as três maiores indústrias pecuaristas do País que não trabalham com boi. "Bovino é uma cultura à parte", afirmou - posto que seu negócio poderá ser para a avicultura o que a JBS representa para o ramo bovino.
Ainda sem nome definido, a empresa prevê quatro projetos iniciais: o abatedouro Frango Natura, a ser construído no Município de Campo Novo de Parecis (MT). A planta terá cerca de 30 mil metros quadrados e capacidade para abater 420 mil aves por dia - o mesmo volume que será produzido no paranaense BR Frango -, com inauguração prevista para o início de 2014.
Segundo Morais, os outros três projetos de abatedouro já estão em andamento com apoio de parcerias regionais: um de aves, na Região Nordeste, com capacidade para abater mais 420 mil aves por dia e previsão de operação para 2017; um de suínos, na Centro-oeste, capaz de abater quatro mil cabeças diariamente; por fim, um de peixes na Região Norte, ainda sem detalhes.
O empresário acredita que a concorrência e os preços não devem sofrer impacto com a entrada dos frigoríficos em operação, pois 60% dos volumes produzidos deverão ser embarcados para mercados estrangeiros. "Vai haver uma acomodação muito natural no mercado porque nosso foco é exportação", avaliou.
De início, os abatedouros terão atuação regional e serão nomeados de modo independente. Mas faz parte dos planos a criação de uma marca global para o grupo. "Estamos trabalhando num nome único", disse Morais. Quanto aos produtos, deverão ter valor agregado, com cortes especiais e elaborados sob demanda.
"A vocação natural do Brasil é a produção de alimentos. Já somos o celeiro do mundo", observou o empresário, que tem como foco de seu empreendimento a carne de ave. "Em termos de proteína animal, a de frango é a que tem maior demanda global", justificou - de olho nas exportações.
Mercado
Nos últimos quatro anos, as exportações brasileiras de carne de frango cresceram 75,4% em faturamento e 22,4% em volume de embarques. Em 2011, movimentaram US$ 8,1 bilhões com 3,9 milhões de toneladas, de acordo com dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), vinculada ao Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic).
No ano passado, o abate de frangos chegou a 5,3 bilhões de animais, um aumento de 5,6% em relação a 2010 e de 23,2% em comparação a 2007, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O Paraná, onde está instalado o complexo industrial BR Frango, é responsável por 27% da produção brasileira de aves, com média mensal de 115 milhões de cabeças, segundo dados do Sindicato das Indústrias de Produtos Avícolas do Estado do Paraná (Sindiaviapar).
O frigorífico de Santo Inácio deverá alcançar sua capacidade de produção máxima em 2014, com produção de dez milhões de aves por mês.
Morais calcula que, somente com este projeto - que é a pedra fundamental de seu empreendimento -, estará faturando R$ 1 bilhão no ano da Copa.
Veículo: DCI