A retração no valor dos cortes bovinos e suínos incentiva a migração do consumo.
Após apresentar alta próxima a 6% ao longo de março, os preços pagos pelo quilo do frango vivo em Minas Gerais seguiram estabilizados na primeira quinzena de abril. A situação é atribuída ao recuo dos preços das carnes bovinas e suínas, o que incentiva a migração de consumo. Até o momento não existem sinalizações de retomada da alta, o que pode complicar a situação dos avicultores.
Segundo o consultor da Safras & Mercados Fernando Henrique Iglesias, os preços praticados em Minas Gerais estão em torno de R$ 1,90 por quilo de frango vivo, valor que é suficiente para cobrir os custos de produção, porém rende pequena margem de lucro aos avicultores.
"O ideal era que a cotação ficasse pelo menos a R$ 2,10, o que seria suficiente para cobrir os custos de produção e gerar lucro para os envolvidos na atividade. As perspectivas em relação à retomada da valorização são pessimistas, uma vez que a tendência é de novas baixas nos preços da carne bovina, o que impede o aumento do consumo de frangos", disse Iglesias.
A tendência de desvalorização da carne bovina se deve ao início do planejamento do confinamento. Com a aproximação do período de seca, os pecuaristas aumentam o descarte de animais para o abate o que amplia a oferta de carne no mercado. A conseqüência inicial é a redução dos preços e a migração do consumo. O ritmo lento observado em Minas também é vivenciado nas demais regiões produtoras do país.
"O mercado brasileiro de frango vivo vem apresentando muitas dificuldades neste mês de abril. A carne suína desempenha importante papel nessa questão, afinal os preços dessa carne apresentaram declínio no decorrer deste mês. Como são produtos substitutos, é natural que a carne suína tome espaço das demais", disse Iglesias.
Oferta - Segundo os dados da Safras & Mercado, a oferta de frango está regular em abril e as dificuldades vivenciadas na primeira quinzena do mês têm pouca relação com a situação da oferta.
A oferta mais ajustada à demanda se deve, principalmente, à retomada do crescimento das exportações, o que tem contribuído para segurar os preços. Em março, os embarques mineiros de aves aumentaram 28,56% em volume, quando comparado com fevereiro. Ao todo foram exportadas 15,6 mil toneladas. Já em relação ao faturamento, a alta chegou a 38,48% com receita de US$ 27,466 milhões.
No acumulado do primeiro trimestre, os embarques ficaram 7,73% inferiores quando comparados com os efetuados em igual intervalo de 2011. O faturamento alcançou US$ 71,78 milhões. Em relação ao volume, houve queda de apenas 2,95%, com 42,4 mil toneladas exportadas no período.
A expansão mensal também foi observada no balanço das exportações brasileiras. A comercialização de carne de frango com o exterior totalizou 363,6 mil toneladas em março, volume recorde para o período, que supera em 6,6% o total registrado no mesmo período de 2011.á Os dados da União Brasileira de Avicultura (Ubabef) mostram crescimento na receita, de 3,25%, com total de US$ 712,5 milhões gerados no terceiro mês de 2012.
No acumulado do ano, os volumes embarcados totalizaram 974,1 mil toneladas, número 4,42% maior que o registrado no primeiro trimestre de 2011. Já a receita cresceu 1,1%, atingindo US$ 1,89 bilhão entre janeiro e março de 2012.
Veículo: Diário do Comércio - MG